Os Moto G6 e Moto G6 Plus passaram recentemente pelas nossas páginas e fiquei no mínimo impressionado. À medida que os preços baixam, também baixam as especificações, e a maioria de nós estará pouco impressionado pelo que conseguimos encontrar no segmento abaixo dos €200. Os smartphones que encontramos nestes preços não costumam ter a tecnologia de ponta ou o design e materiais avançados dos equipamentos mais caros, mas são cada vez a justificação para a quebra nas vendas dos smartphones milionários, oferecendo cada vez mais por menos. O Moto E5 é disto um exemplo.

Ficha técnica

  • Processador: Snapdragon 425 Quad-core a 1.4GHz
  • Memória: 2GB de RAM, 16GB de armazenamento interno;
  • Câmara principal: 13MP f/2.0;
  • Câmara frontal: 5MP com flash;
  • Ecrã: 5.7 polegadas HD+, 18:9
  • Sistema operativo: Android 8.0 Oreo
  • Bateria: 4,000mAh;
  • Conectividade 4G: sim;
  • Leitor de impressões digitais: sim
  • Rádio: sim
  • NFC: Sim
  • Bluetooth 4.2
  • Carregamento rápido: sim

O look Motorola

Se bem que o Motorola One possa em breve fazer-me engolir estas palavras, continuo a destacar a Motorola pelo seu design próprio que consegue agarrar as principais tendências estilísticas do mercado sem se tornar derivativo nem imitar outras marcas.

O Motorola Moto E5 não se desvia desta postura, embora pelo seu preço pudéssemos pensar que seria mais fácil à Motorola optar por algo menos diferenciador. No entanto, o E5 é claramente um Moto, com o seu perfil algo arredondado e bojudo, e até à presença do módulo circular para a câmara na face traseira. O Moto E4 marcou 2017 pela sua elegância e o Moto E5 sobe um pouco a parada com o seu ecrã de 5.7 polegadas 18:9 com rebordos mais reduzidos na parte frontal, dando-nos muito mais ecrã por área total. Com esta abordagem, o leitor biométrico passou obviamente para a face traseira, localizando-se agora no logótipo da asa de morcego, um belo toque estilístico.

A construção é em plástico, embora seja dos acabamentos mais enganosos que já vi, pois à primeira vista tudo indica que temos uma superfície em metal. Apenas a ausência dos recortes para as antenas e algum estudo nos permitirão perceber que o smartphone é de plástico. Do ponto de vista ergonómico, nada a apontar: mesmo com o ecrã mais alto, o Moto E5 é fácil de manejar e as suas curvas suaves caem bem na mão.

 

Interface e experiência de utilização

Como é usual, a Motorola apresenta-nos no Moto E5 uma interface bastante próxima do Android de fábrica e com um mínimo de aplicações extras instaladas. Aqui o destaque vai obviamente para o Microsoft Outlook, mas encontramos igualmente a app Moto que nos oferece sugestões para a nossa utilização do dispositivo quanto a trajectos para o trabalho ou utilização da bateria.

O comportamento é típico do Pixel Launcher: um slide para baixo em qualquer ponto traz-nos a persiana das notificações e definições rápidas, com um toque longo em qualquer definição a levar-nos para as definições profundas. Um swipe para cima abre-nos a gaveta das aplicações e o swipe para a direita abre o feed do Google. A interface é mais limitada que a presente nos Moto G6 e não podemos por exemplo esconder as teclas virtuais, e também sinto a falta do áudio Dolby, mas não podemos queixar-nos muito neste preço, até porque a interface é limpa, contemporânea e leve.

Ora, face ao Moto E4, a grande diferença visual do Moto E5 remete para o ecrã substancialmente maior de 5.7 polegadas deste último, com impacto na facilidade de utilização e experiência geral. O novo ecrã é certamente mais adequado para navegação online em sites, blogues e redes sociais onde mostra mais conteúdo com menor necessidade de scrolling.

No geral considero-me bastante satisfeito com o ecrã: tem boa visibilidade bons ângulos de visão, ainda que os tons sejam pálidos e o contraste pudesse ser melhor, principalmente quanto aos negros demasiado luminosos. Se bem que na sua utilização quotidiana estas características não sejam notáveis, um aspecto mais cansativo para a vista é uma certa lentidão na resposta do ecrã que deixa marcas de arrasto visíveis durante scrolling rápido ou durante o gaming, dando-nos a sensação de que os movimentos são menos fluídos do que são de facto.

De facto, o sistema responde bem às solicitações, se bem que com a parcimónia expectável de um quad-core, verificando-se algum delay na abertura de apps e compromissos no multitasking, já que as tarefas em segundo plano desaceleram as restantes de modo visível. É, ainda assim, um comportamento bastante interessante para este preço e não compromete a qualidade da utilização para as expectativas certas. O Moto conseguirá mesmo esgrimir suficientes frames num PUBG para nos dar uma chance de sobrevivência e jogos como a série The Room ou World of Warships são jogáveis desde que aceitemos a realidade deste segmento.

Fotografia

O Motorola Moto E5 surpreende pela amplitude das possibilidades da sua app fotográfica, um ponto muito negligenciado na esmagadora maioria dos smartphones concorrentes. Assim, a câmara possui inclusivamente um modo manual facilmente acessível através das definições rápidas que nos permite controlar o foco, equilíbrio dos brancos, compensação da exposição e exposição. É o tipo de detalhes de que muita marcas se esquecem, catapultando a experiência fotográfica avançada para os seus equipamentos mais caros.

Entretanto, a câmara também foi actualizada para integrar a Google Lens, com o que podemos utilizar a câmara para recolher informações sobre a nossa localização ou reconhecer objectos.

Quanto à experiência fotográfica em si, o Moto E5 é mesmo muito interessante para a sua gama de preço, com a app a responder razoavelmente, se bem que o processamento de imagem é algo lento. Ao contrário de outros equipamentos que testei nos últimos tempos, esta lentidão não se torna impeditiva nem tem tendência para estragar as fotografias, se não aquelas realmente mais sensíveis com movimentos que não podemos controlar. A interface manual, essa poderia ser um pouco menos intrusiva, já que controlar os settings implica mexer-lhes no meio do ecrã onde interferem um pouco com o enquadramento. Ainda assim, mais vale ter esta interface melhorável, do que nem a ter.

O resultado fotográfico, entretanto, é muito aceitável e se bem que as prestações das câmaras do Moto E5 não chegam a ultrapassar totalmente as de smartphones bem mais caros, mudam a nossa opinião do que pode oferecer uma câmara abaixo dos €150: os detalhes são justos, as cores bem equilibradas e o HDR funciona suficientemente bem para colmatar as limitações em termos de gama dinâmica. Até há algum tempo atrás seria para mim impossível recomendar um smartphone para fotografia abaixo dos €200, postura que o E5 vem mudar.

Bateria

O maior foco do Moto E5 é a bateria. Com 4000mAh face aos 2800mAh do Moto E4, este acrescento é de facto a mais expressiva diferença entre ambas as gerações Moto E. Munido com esta capacidade de bateria, o utilizador do Moto E5 terá dificuldade em conseguir esgotar a bateria, e com uma utilização básica apontando para chamadas e mensagens, o E5 aguenta dois dias à vontade.

Com o carregamento rápido de 10W, a totalidade da bateria pode ser carregada em aproximadamente 2 horas, um valor bastante cómodo, considerando que uma hora basta para chegarmos a cerca de 50%, o suficiente para um dia inteiro de utilização moderada.

Conclusão

É sempre difícil recomendar um dispositivo abaixo dos €200. Há sempre equipamentos mais caros que são mais rápidos, mais bonitos, mais capazes em diversos aspectos.

Sem o bling e os holofotes dos grandes lançamentos, o Motorola E5 oferece-nos um smartphone ao qual podemos recorrer sem termos que abdicar de funcionalidades fundamentais. Aqui, a presença da NFC é particularmente importante, pois significa que não preciso agarrar-me aos meus equipamentos mais caros para continuar a usufruir da comodidade dos pagamentos contactless, mas o desempenho da interface ou os extras da app fotográfica são também destaques. Mas não posso também esquecer o carregamento rápido para uma bateria já de si muito generosa: quantos smartphones oferecem amperagem e carregamento rápido neste preço?

O Motorola Moto E5 é um excelente exemplo de como um equipamento barato pode ser convincente quando é o resultado de ponderação, atenção aos pormenores e necessidades dos utilizadores, em vez de uma simples tentativa de ejectar produtos para o mercado.

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