Todos nós gostamos de olhar para os grandes smartphones do ano, equipamentos que valem vários salários e que para o ano seguinte terão sucessores ainda mais interessantes. No entanto, o maior desafio é conseguir encontrar as características justas dentro de um orçamento limitado. O jogo faz-se muitas vezes daquilo de que estamos dispostos a abdicar, não tanto daquilo que queremos ter e nesta difícil tomada de decisão, o Wiko Jerry 3 é uma mistura das restrições típicas do segmento, com implementações cuidadas que podem oferecer valor acrescentado.

Características principais

  • Processador: MediaTek MT6580M, quad-core a 1.3GHz
  • Memória: 1GB de RAM, 16GB de armazenamento interno;
  • Câmara principal: 5MP, foco fixo;
  • Câmara frontal: 5MP;
  • Ecrã: 5.45 polegadas FWVGA
  • Sistema operativo: Android Oreo Go Edition
  • Bateria: 2,500mAh;
  • Conectividade 4G: não;
  • Leitor de impressões digitais: não
  • Rádio: sim
  • NFC: não
  • Bluetooth 4.0
  • Carregamento rápido: não

Design

O Wiko Jerry 3 apresenta um design elegante, replicado de alguns equipamentos mais conceituados no mercado, nomeadamente na presença do módulo fotográfico ao centro, sugerindo uma câmara dupla quando de facto temos somente uma câmara com flash. Toda a construção é obviamente em plástico, sem esperança de o esconder, com a capa amovível para substituição da bateria e dos cartões SIM e de memória.

Parece haver alguma fragilidade nesta construção, com a capa traseira a dobrar-se visivelmente para dentro até encontrar a resistência do volume da bateria, mas a Wiko faz diversas coisas bem. Em primeiro lugar, a opção pelo vermelho com ecrã branco é interessante e está em voga, dando ao Jerry 3 um look arrojado. Por outro lado, o ecrã apresenta rebordos muito aceitáveis para este segmento de preço, não sendo de todo um desses dispositivos que apregoam o 18:9 para depois apresentarem bezels como se 2016 estivesse na moda.

Experiência de utilização

Não seria justo pedirmos performance surpreendentemente positiva num equipamento com apenas 1GB de RAM e um pequeno MediaTek MT6580M quad-core a 1.3GHz e por isso não temos nada de transcendente a bordo.

O hardware apresenta obviamente algumas limitações, como a ausência da útil NFC ou do leitor biométrico, enquanto o ecrã é muito razoável, se bem que não seja bem visível em luz externa.

Na utilização quotidiana são frequentes os soluços de performance e tempos de resposta entre um toque e a abertura de uma app que podem demorar para cima de 1 segundo. Não é surpreendente que as apps no geral demorem a carregar completamente, mas em virtude do ecrã de baixa resolução o Wiko não se dá mal nos jogos mais básicos, embora correr com elegância jogos mais exigentes esteja fora das suas capacidades. Não falo inclusivamente dos títulos AAA, mas da minha bateria de jogos mais usuais como Real Racing 3 ou World of Warships. A navegação por sites que requeiram grande scrolling também sofre, mas nada que seja exasperante. É tudo uma questão de gestão de expectativas, face ao preço pedido.

O grande truque na manga do Jerry 3 é a utilização do Android Oreo Go Edition, com apps preparadas para as suas especificações, portanto mais leves e capazes de nos oferecer uma experiência de utilização bem mais positiva do que seria expectável há alguns meses atrás.

Por outro lado, a Wiko dedicou-se algum tempo a aprimorar o software disponível e, de modo perfeitamente atípico para este preço, temos a possibilidade de duplo toque para acordar o ecrã, para o bloquear, configurar a cor da luz de notificações e mesmo a possibilidade de desenhar uma forma (ou letra) no ecrã para aceder rapidamente a uma aplicação. Sejamos francos neste aspecto: é útil, é interessante, e muitos smartphones não mostram esta abordagem, mesmo quando custam mais.

Finalmente, a bateria é suficiente para nos aguentar até ao final do dia com uma utilização regular da rede de dados e redes sociais, e os utilizadores básicos que se preocuparem apenas com algumas chamadas e SMS, o Jerry 3 atingirá facilmente 2 dias. Entretanto, carregar a bateria é um processo que demora menos de 2 horas, o que é confortável para um smartphone que não foi feito para ser abusado.

 

Fotografia

Para muitos, estes será o deal breaker do Wiko Jerry 3. Não obstante o módulo fotográfico possuir um design invocativo dos smartphones mais caros, o hardware em si mesmo não engana e mostra resultados longe de satisfatórios.

A app fotográfica é simples e intuitiva e permite obviamente os típicos filtros aplicados às fotografias, e até funciona de modo rápido, mas à custa do autofoco. Sem autofoco, o Wiko Jerry 3 revela uma câmara limitada quanto às suas possibilidades criativas e está lá mais para o desenrascar e quaisquer necessidades pontuais, sendo certo que se a fotografia é algo importante para vós, terão que olhar para outro lado.

Conclusão

O Wiko Jerry 3 faz um interessante exercício de criação de um smartphone básico onde não faltem demasiadas funcionalidades. E não podemos enganar-nos neste ponto: este é um smartphone básico e deve ser avaliado conforme essa ambição. O hardware não surpreende e a performance é tipicamente lenta, mas com a presença das aplicações Android Go, o Jerry 3 é capaz de oferecer ao utilizador uma utilização substancialmente mais ágil do que seria expectável há apenas alguns meses.

No global, é um smartphone interessante para quem procura um equipamento secundário ou para necessidades básicas, sem abdicar do ecossistema Android. Quem o adquirir não ficará com a sensação de ter comprado um desses dispositivos lançados para o mercado sem consideração, apenas para dinheiro fácil: o Wiko Jerry 3 é uma boa opção pelo empenho da Wiko em acrescentar funcionalidades à interface que outras marcas deixariam de fora, dando ao utilizador verdadeiro valor acrescentado.

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