A Lenovo é um dos maiores fabricantes de computadores em todo o mundo, ocupando frequentemente o lugar cimeiro neste mercado. E não há dúvidas que a marca que adquiriu a IBM tem revolucionado este espaço, com equipamentos que oferecem excelentes prestações a preços muito agressivos. A situação não é muito diferente no caso dos smartphones, com os equipamentos Lenovo a possuírem um seguimento de culto, enquanto a marca também mantém a Motorola em circulação, depois de a ter adquirido à Google. Aqui, no entanto, a Lenovo não tem conseguido manter uma posição nos lugares cimeiros. Muito pelo contrário. O melhor caminho seria simplesmente deixar cair a marca Lenovo dos smartphones e apostar tudo na Motorola.

A situação actual

A Lenovo é, de facto, um dos maiores fabricantes de equipamentos tecnológicos em todo o mundo. No entanto, a sua posição nos computadores não é igualada pelos seus resultados no segmento mobile onde a marca detém apenas 0,4% do mercado de smartphones.

Mas o problema não é o mercado: é a queda. A Lenovo vendeu 22.1 milhões de smartphones em 2015 e apenas 1.79 milhões em 2017, isto depois de em 2009 se ter tornado uma das três grandes da indústria mobile Chinesa.

O que aconteceu desde então? Enquanto marcas como Huawei ou Xiaomi se internacionalizam e outras consolidam portefólios, a Lenovo adoptou uma estratégia que parece ter diluído a presença da marca. Em alguns mercados apostou na Motorola, enquanto noutros comercializou a ZUK e ainda acrescentamos a estas famílias os Lenovo K. A segmentação foi, por isso, menos que ideal, confusa até, e com fraca capacidade de diferenciação: os Lenovo, ZUK ou outros, deixaram de se tornar indicadores de até onde a marca poderia ir, ao contrário dos OnePlus, Huawei P e Xiaomi Mix desta vida.

Mesmo a nível de design, os Lenovo se mostraram bonitos, mas daí até serem diferenciadores foi um caminho que o mercado não quis percorrer. Ao longo de 2017, a situação não foi ajudada pelo facto de se hesitar entre o desaparecimento, ora da Motorola, ora da ZUK, o que nunca deixa os consumidores com vontade de comprar. Os próximos Lenovo Z prometem muito e poderão ser um bom vector da distinção de segmentos que a Lenovo quer, com o nome próprio no segmento de topo, e a Motorola na gama média.

 

Mas a Motorola está longe de ser lucrativa

No mais recente relatório de contas, a divisão mobile da Lenovo perdia $142 milhões de Dólares antes de impostos no quarto trimestre de 2017, uma performance muito superior ano a ano, já que no mesmo período em 2016 perdia $220 milhões. Entretanto, as receitas caíram também para $1.34 biliões, mostrando um declínio, mas optimização dos recursos.

A questão é que o relatório de contas da Lenovo mostra que onde a Motorola é a aposta principal, a marca cresceu 54% nos EUA e 13% na América Latina.

Esqueçam as distracções e apostem na Motorola

A Lenovo não tem neste momento qualquer necessidade de mercado de gastar recursos em brand recognition. Nas suas mãos, a Lenovo possui já uma marca reconhecida a nível internacional, a Motorola, que tem sabido gerir um portefólio relativamente curto e fácil de delinear quando chega a hora de decidirmos o que queremos comprar.

Acima de tudo, a Motorola tem sido um exemplo a seguir dentro da Lenovo, já que hoje, tal como há dois, três ou quatro anos atrás, o design da marca é definitivamente Moto, e não falo somente da asa de morcego. Não. Estamos em 2018 e na era dos entalhes e dos módulos de câmara alongados que remastigam a estética iPhone até à exaustão, a Motorola continua a seguir uma estética que significa que podemos entrar numa loja e não os vamos confundir com nenhuns outros. E a sua estética continua a fazer homenagem a alguns ícones da Motorola clássica, como o módulo circular das câmaras, reminiscente do AURA.

Raízes: eis algo que a Motorola tem, que o público reconhece, e que muitas outras marcas não conseguem ganhar. O problema é ainda mais importante nas marcas Chinesas nascidas após o boom dos telemóveis e smartphones, quando tudo era experimental e único, antes dos designs e soluções estagnarem. É hoje em dia extremamente difícil manter um design icónico e distinto. A Motorola tem-no feito de modo exímio.

Além disso são smartphones “no bullshit”. As outras marcas atiram-se a inovações duvidosas, gimmicks mais ou menos práticos, e muitas vezes inflacionam as suas capacidades e inovações. Os Motorola vão tendo tudo e são fundamentalmente honestos quanto ao que pedem da carteira, e o que dão em troca. Uma frescura na panóplia de nomes que até os fundos de ecrã do iPhone imitam.

E uma frescura num panorama de equipamentos carregados de bloatware e mal optimizados, enquanto a Motorola está quase colada ao Android de fábrica, com uma UI leve e com pouco mais que o essencial. Não quer dizer que não exista ainda amplo espaço para melhoria no suporte e actualizações a longo prazo, por exemplo.

Por isso, Lenovo, se nos estão a ouvir, apostem tudo na Motorola!

 

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