Segundo as mais recentes informações veiculadas pela Reuters, a Samsung encerrou uma galopante sucessão de lucros crescentes, apresentando desta vez o mais pequeno crescimento em mais de um ano. A culpa deste fim de ciclo é atribuída às vendas fracas da família Galaxy S9, se bem que as suas vendas reais não seja conhecidas. Ninguém questiona de momento que o Galaxy S9 esteja a vender pior que o Galaxy S8, mas quais são os motivos para esta situação?

 

Porque não é um substituto do Galaxy S8

Em boa verdade, a Samsung não tem no Galaxy S9 um upgrade do S8, mas sim uma actualização para os utilizadores dos Galaxy S6 e S7. Ora, face a estes, o Galaxy S8 é um gigantesco salto em frente em termos de performance, funcionalidades e design. Por comparação ao Galaxy S8, então o S9 já é menos revolucionário e poderá impressionar menos, mas fundamentalmente porque já o Galaxy S8 chega no final de um ciclo de dominância da Samsung face às concorrentes Chinesas como Huawei e Xiaomi que a marca Coreana mantinha à distância de modo meramente ilusório.

Uma vez conhecidos os planos de expansão da Xiaomi para a Europa e a tendência de crescimento da Huawei nos últimos anos, era extremamente previsível que as vendas dos Galaxy pudessem ser prejudicadas. Principalmente considerando que o Galaxy S9 chega num momento em que os utilizadores estão a aumentar a duração dos ciclos de utilização antes de substituírem os seus smartphones.

As principais concorrentes da Samsung também conseguiram este ano justificar uma substituição geracional graças a amplas modificações entre cada geração de smartphones, enquanto a Samsung foi conservadora ao evoluir o S8 para o S9.

Ainda assim, o Galaxy S9 é fundamentalmente melhor

À excepção do preço, não existe nenhum motivo para optarmos por um Galaxy S8 em vez dum Galaxy S9. Este último é um equipamento fundamentalmente melhor e mais completo com dois factores determinantes para mim.

Por um lado, a câmara com abertura variável entre f/1.5 e f/2.4 é um compromisso muito melhor entre performance global e performance em baixa luminosidade do que a abertura fixa, constituindo uma daquelas reais inovações que não passa por gimmicks.

Por outro lado, o áudio levou um grande boost e além de ser amplamente configurável por comparação ao que é a norma no mercado, apresenta o primeiro áudio estéreo via altifalante num Galaxy S. Para quem estes factores importam, o S9 é a escolha certa, não o S8.

Com um ecrã mais luminoso, um processador mais económico mas mais poderoso, o Samsung Galaxy S9 faz notar a sua superioridade mesmo face ao Galaxy S8. Não hesitaria em o considerar o melhor smartphone compacto do mercado.

Cinco coisas fantásticas no Samsung Galaxy S9

A ameaça Chinesa

Para a Samsung, a par com o aumento do tempo durante o qual os utilizadores se agarram aos seus smartphones, o maior perigo foi a maturidade das marcas Chinesas. Estas conseguiram oferecer aos utilizadores dos Galaxy S6 e Galaxy S7 opções de última geração ao preço do Galaxy S8.

Ainda antes do lançamento do S9, muitas das suas vendas possíveis já tinham sido perdidas quando os utilizadores dos Galaxy S investiram em alternativas Chinesas a preços extremamente competitivos.

É discutível se o Galaxy S9 vale o dinheiro extra ou não, mas para mercados onde o orçamento vale cada vez mais, a diferença fez muitos utilizadores nem pensar naquilo que podem estar a ganhar ou perder.

E algumas oportunidades perdidas

Talvez a maior desilusão para muitos utilizadores tenha sido a teimosia da Samsung em apostar numa única câmara. Por si só, e na minha opinião, não há melhor câmara no mercado que a do Galaxy S9. No entanto, as câmaras duplas generalizaram-se e muitos utilizadores não deixaram de penalizar o Galaxy S9 por possuir apenas uma câmara.

A Samsung também passou ao lado do factor “uau” de alguns concorrentes com reconhecimento facial 3D ou leitor biométrico sob o ecrã. Podemos argumentar que são situações que não influenciam a experiência do utilizador, mas num mercado premium em que os clientes que podem pagar querem acesso a tecnologias exclusivas, o Galaxy S9 não as ofereceu.

Finalmente, enquanto muitos concorrentes apostaram tudo no Assistente Google, a Samsung continua fiel ao seu Bixby. Que está cada vez melhor, diga-se de passagem, mas a extrema limitação em termos de idiomas significa que o S9 chega ao mercado mundial com um assistente que muitos simplesmente esquecerão que existe.

Não podemos ser alarmistas

Segundo os mais recentes dados da Counterpoint, o Samsung Galaxy S9+ continua a ser o smartphone Android mais vendido, e só o Xiaomi Redmi 5A tem neste momento um mercado maior que o Galaxy S9, o que equivale a dizer que nenhum outro equipamento Android de gama alta vende sequer perto dos números que o Galaxy S9 mobiliza.

Se podemos considerar que 31 milhões de unidades esperadas até ao final do ano são vendas pobres, face ao suposto alvo de 43 milhões desejados pela Samsung, nenhum outro flagship chega sequer perto e os Galaxy S mantêm uma distância confortável face aos seus principais concorrentes, uma que só os equipamentos significativamente mais baratos conseguem encurtar.

O pior que a Samsung faria seria uma resposta apressada que comprometesse de algum modo a conotação dos Galaxy S com a tecnologia mais fiável no mercado, cortando em especificações, perdendo em diferenciação face à concorrência. Mas a diluição da supremacia da Samsung é um facto à qual chaebol Coreana deverá estar muito atenta.

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