E talvez o comboio já tenha deixado a estação, mas a verdade é que a Google confirmou já o design básico do futuro Google Pixel 4, confirmando alguns renders que vinham surgindo na Internet, apontando para semelhanças importantes com o futuro iPhone 11, embora não tão escandalosas no detalhe.

Especificamente, a Google confirmou que o módulo fotográfico quadrado é efectivamente real, emulando o módulo semelhante em traços gerais que vemos nos renders do iPhone 11, embora – como disse – com detalhes menos ofensivos. Especificamente, onde a Apple optou por uma disposição no mínimo estranha das câmaras, destacadas como furúnculos e do flash, a Google optou por uma disposição mais discreta em trapézio, com o flash no vértice inferior.

Não vou esconder que o design não é desagradável e pode ser mais simétrico que um módulo quadrado ao centro, como no caso do Huawei Mate 20. De interesse, é que uma das câmaras poderá ser de um tipo novo, não pensado para fotografia normal, mas “espectral”, capturando outros espectros de luz que não a luz visível e permitindo mais detalhe nas fotografias. Mas as exactas capacidades deste sensor permanecem um mistério.

Quem tinha razão era a Alcatel

O ano passado, a Alcatel lançou o peculiar Alcatel 5, que se caracterizava por um rebordo superior bastante generoso, limitando os restantes. Foi algo replicado este ano pelo Sony Xperia 10, e parece que a Google se seguirá.

Inicialmente, parecia que o Pixel 4 teria uma perfuração no ecrã para a câmara frontal, e tudo indica que o protótipo existiu mesmo, mas a Google terá optado agora por uma mudança radical. Sem notch, nem perfurações no ecrã, o Pixel 4 terá sim uma “testa” generosa e restantes rebordos praticamente inexistentes, o rebordo superior acolhendo o auscultador e as câmaras frontais, incluindo dois sensores que poderão destinar-se ao reconhecimento facial avançado.

Novamente, o design não é desagradável, sendo que os ecrãs perfurados não apelam a todos e o notch ainda menos, pelo que a solução da Google é talvez mais elegante, embora pessoalmente prefira a simetria.

Qual é a questão? Em lado algum parece haver consideração para um leitor de impressões digitais. O local mais óbvio seria o próprio ecrã, mas a Google desconfia dos leitores ópticos e pode não considerar os ultrassónicos suficientemente ágeis.

A alternativa, afinal, pode ter sido equipar o Pixel 4 com reconhecimento facial avançado, substituindo por completo o leitor de impressões digitais. É neste ponto que já não tenho tanta certeza quanto à decisão. O iPhone X atirou-nos com esta abordagem em 2017 (já passou assim tanto tempo!?) e até hoje não estou convencido da sua sanidade, já que as mesmas questões que se levantavam por então quanto a privacidade e segurança se mantêm. Não creio que ainda seja totalmente seguro abandonarmos por completo o leitor de impressões digitais.

Portanto, o Pixel 4 – ou o que a Google parece confirmar que o Pixel 4 virá a ser – está a configurar-se como um dispositivo interessante bem desenhado, mas não deixo de sentir algum amargo de boca ao perceber que há uma colagem à Apple, que a Google deveria recusar.

Mas não penso que a Google esteja a gozar com a nossa cara, parecendo que depois de todas as fugas de informação que afectaram o Pixel 3, a Google tenha preferido colocar-se em acção o quanto antes, confirmando um design numa fase muito antecipada da vida de um produto ainda por anunciar.

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