Os aficionados da tecnologia, e mesmo os utilizadores casuais de smartphones têm-se mostrado particularmente conscientes de que, segundo as mais recentes informações, o Huawei Mate 30 não poderá neste momento utilizar as apps da Google, por não ter licença para utilizar os Google Play Services. A marca tem mantido a data de lançamento de dia 19 de Setembro, mas no target do Mate 30 poucos querem realmente pagar €1000 por um smartphone limitado nos serviços e acesso às apps mais populares. Caso até dia 19 o problema não se resolva, o caminho da Huawei deveria ser só um: adiar.

O périplo da Huawei pela rua da amargura no mercado Ocidental arrasta-se desde Maio quando a administração Trump colocou a Huawei numa lista negra do Departamento do Comércio, impedindo empresas Americanas de trabalharem com a Huawei, seja na aquisição ou fornecimento de equipamentos, seja na investigação e desenvolvimento, seja na simples utilização de patentes para as suas tecnologias.

A decisão seguiu-se a meses de crispação entre China e EUA, sob o pretexto ainda realmente por fundamentar, de que a Huawei representa uma ameaça à segurança dos EUA, e que se envolve m atividades duvidosas de espionagem em colaboração com o governo Chinês. O problema com este pressuposto duvidoso foi, desde sempre, que Trump mostrou imediatamente abertura para levantar o ban no âmbito de um acordo comercial Sino-Americano. Em boa parte, esta postura mostrou que as preocupações securitárias eram apenas um pretexto para um braço-de-ferro comercial.

Uma extensão da licença de comércio foi obtida por 90 dias, enquanto diversas marcas encontraram buracos na lei para continuarem a comercial com a Huawei. A marca Chinesa retomou os seus lançamentos em catadupa sem perder vitalidade, e à medida que o Huawei Mate 30 se aproximava da sua data de lançamento, tudo parecia certo e confirmado.

Pelo menos até à Google ter confirmado – via fonte anónima – que o Huawei Mate 30 não tinha sido licenciado para os Google Play Services e, por isso, não poderia utilizar as suas apps mais populares. Ao longo dos últimos dias, nenhuma comunicação tranquilizadora veio da Huawei ou da Google, parecendo que o Huawei Mate 30 chegará mesmo sem Play Store ou Maps. Isto se for lançado a 30 de Setembro.

O HarmonyOS não é uma solução

A Huawei tem lançado notícias consistentes sobre o seu futuro HarmonyOS: é mais adaptável, mais rápido, mas moderno que o Android, e a marca pode passar a usá-lo logo que queira.

Quem se lembra do Meego? Do Bada, ou do Windows Mobile? Tenho dito desde Maio que se há alguém capaz de criar um ecossistema concorrente ao Android é a Huawei, graças à enorme base de utilizadores que possui, e aos fundos financeiros que é capaz de mobilizar. Mas o HarmonyOS pode não estar pronto para chegar ao mercado ocidental, ou o Mate 30 é simplesmente uma péssima escolha para o seu lançamento. É que todos os sistemas operativos, inclusivamente os atrás referidos, são excepcionais e inovadores, até chegarem ao mercado e perderem a tracção, ou revelarem as suas vulnerabilidades.

Huawei revelou o HarmonyOS, o seu sistema operativo de código aberto

E o HarmonyOS tem, neste momento, as mesmas vulnerabilidades de todos os sistemas operativos falhados: um grupo restrito de apps disponíveis. Já passaram anos desde que o Windows falhou, e ainda mais desde que o Bada foi esquecido pela Samsung depois de alguns Wave francamente fantásticos. O domínio da Google não parou de crescer e dificulta ainda mais a existência de alternativas.

Muitos pensam que será fácil pegar numa .apk e enfiá-la no Mate 30. Será para algumas apps, não será para muitas outras que requerem a framework do Google Play Services para efetivamente funcionarem.

Acima de tudo, o Huawei Mate 30 é um smartphone para um mercado de massas, de utilizadores que querem a conveniência de um produto acabado e estão dispostos a pagar por ela. Não são – na sua maioria – power users que vão imediatamente enfiar-lhe uma ROM e enchê-lo de *.apk. Não é, certamente um equipamento pelo qual muitos estarão dispostos a pagar €1000 para ainda terem que andar a trabalhar para ter acesso aos seus serviços do costume. Acima de tudo, não é o smarthone com o número de vendas certo para criar penetração do HarmonyOS.

A Huawei tem mesmo de adiar o lançamento, ou obter licenciamento, porque as vendas vão sofrer a sério.

O adiamento não é isento de riscos

Neste momento, talvez só o Huawei Mate 30 leve algumas pessoas a hesitar na compra do Samsung Galaxy Note10. Conheço quem esteja a fazer o compasso de espera para ver qual vale mais a pena. Pessoalmente, o Note é um equipamento extraordinário e faz o que o Mate 30 não fará. Por seu turno, o Mate fará outras tantas coisas que o Note não faz e é tudo uma questão de quais as ferramentas que queremos para nós.

Mas o mercado não pensa simplesmente assim. O mercado vê dois smartphones milionários que serão o expoente máximo do ecossistema Android e, por isso, hesita entre um e outro. Se a Huawei falhar o lançamento do Mate 30 em Setembro, pode perder desde logo alguns milhões de vendas para a Samsung. Ainda assim, isso seria preferível a lançar o Mate 30 fora do momento ideal e ficar com alguns milhões de unidades no armazém.

A família Mate tem-se transformado de um phablet vocacionado pa

O Huawei Mate 30 será um equipamento extraordinário

ra a autonomia, para um smartphone de luxo com o “absolutamente tudo” da tecnologia. A sua popularidade tem crescido com esta transformação, já que a família Mate habituou os consumidores a oferecer as melhores câmaras do mercado, inovação, potência, e design.

O Mate 30 será tudo isso: chegará equipado com um potente octa-core Kirin 990 sobre o qual saberemos mais durante a IFA de Berlim, e introduzirá um sensor fotográfico de 40MP verdadeiramente revolucionário, ao possuir as maiores dimensões jamais integradas num smartphone. O seu ecrã será igualmente impressionante, com uma curvatura quase a 90º capaz de superar mesmo o Galaxy Note10+ no requisito de ecrã sem rebordos, e juntará a isto uma grande autonomia.

Será um smartphones irresistível e esse é mais um motivo para o adiamento do seu lançamento: os utilizadores ficarão a perder se não tiverem este equipamento como opção de escolha.

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