O COVID-19 é uma realidade assustadora com a qual temos que viver diariamente. Numa era de grande facilidade de comunicação (seja pelas redes sociais, seja pelos meios de comunicação tradicionais), é possível estar a acompanhar este assunto em directo, o que torna tudo ainda mais complicado. Enquanto alguns países (como o nosso) estão agora a enfrentar o problema, já outros passaram pela crise maior e conseguiram controlar o número de casos, como é o caso da China e da Coreia do Sul. E se uns recorreram a métodos de quarentena forçados, outros recorreram à tecnologia e à recolha de dados para proteger os seus habitantes.

O caso que merece que aqui destaque, é o da Coreia do Sul. Com uma estratégia que combinou a informação constante ao público, participação activa da população e testes em massa, a Coreia do Sul conseguiu um número bastante baixo de mortos (60 em 7.755 casos), assim como passou de seiscentos e muitos casos por dia para apenas cento e poucos. Mas qual o impacto da tecnologia e dos dados no combate ao COVID-19?

Tecnologia e dados no combate ao COVID-19 na Coreia do Sul

É um facto que, aos dias de hoje, é possível saber onde estamos ou onde estivemos em determinado momento. O nosso rasto tecnológico é bastante grande, sendo possível saber em determinado momento, qual a nossa localização exacta através do sinal de telemóvel, por exemplo.

Com uma preocupação cada vez maior com a segurança de dados, a verdade é que as regras sobre os dados pessoais têm vindo a ser cada vez mais restritivas, com a recolha e o tratamento dos mesmos a ser alvo de uma grande fiscalização. No entanto, é também verdade que existem entidades que têm acesso a esses dados, devendo haver a possibilidade de aceder aos mesmos quando há essa necessidade.

E é exactamente isto que a Coreia do Sul tem feito para conseguir controlar o surto de coronavírus. Apesar de ser bastante discutível, a verdade é que a Coreia do Sul abdicou da privacidade dos seus cidadãos de forma a protegê-los da nova pandemia. Imagens de videovigilância, uso de cartão de crédito, localização de telemóvel, etc, têm vindo a ser usados para localizar as várias pessoas que estiveram em contacto com possíveis infectados. Depois de localizadas, as pessoas estão a ser contactadas por SMS de forma a serem notificadas da possibilidade de estarem infectadas, sendo que em alguns casos os testes são feitos no local onde as pessoas são localizadas (a Coreia do Sul possui unidades móveis para testes).

Para além disso, o facto de as autoridades saberem onde estão as pessoas, permite notificar as mesmas sempre que um novo caso surge perto das suas casas, trabalho ou até onde se encontram actualmente.

Este tipo de estratégia, que pode ser largamente discutida, tem vindo a provar-se bastante eficaz no controlo do surto de COVID-19. Isto porque, para além dos habituais questionários que são feitos aos doentes nestas situações (de forma a procurar possívies pessoas que estiveram em contacto), as autoridades conseguem validar muitas informações que possam ser incorrectamente mencionadas (ou até nem serem mencionadas) pelos pacientes.

Na verdade, a Coreia do Sul fez até hoje 220.000 testes de despiste do novo vírus, um número muito distante do que outros países, igualmente afectados pelo COVID-19, têm vindo a conseguir fazer.

Qual a reação das pessoas?

Até ao momento, o que se sabe é que as pessoas têm vindo a aceitar com bastante naturalidade esta acção das autoridades. O facto de se sentirem seguras, tem feito esquecer a falta de privacidade e o acesso a dados relativos à sua localização.

A verdade é que é possível notificar rapidamente as pessoas, pedindo-lhes isolamento social sempre que estiverem com alguém infectado. Para além do mais, permite cuidados redobrados e uma visão de onde está este inimigo invisível, permitindo a alterar os comportamentos consoante as regiões onde se encontram, ou até mesmo evitar algumas regiões.

Claro que, para além de todos os alertas, as recomendações indicadas pela OMS têm vindo a ser cumpridas à risca, facilitando todo o processo de confinamento do vírus COVID-19.

E se fosse por cá? E se fosse assim em todo o lado?

Bom, como disse anteriormente, este é um assunto delicado e complicado de ser debatido. A verdade, é que o acesso aos dados é permitido por cá, assim como noutros países. No entanto, é necessário autorizações especiais para esse efeito.

Tendo em conta o estado actual e a dimensão deste vírus, declarado como Pandemia esta semana, compreende-se que os dados pudessem vir a ser usados para proteger os habitantes dos vários países, permitindo uma acção rápida das autoridades, seja na notificação dos novos casos, seja em acções de isolamento. Na verdade, a acção mais rápida nestes casos permite, não só uma diminuição da propagação do vírus, como é mais fácil depois atacar de forma mais rápida em caso de doença, uma vez que as pessoas ficam identificadas, aumentando assim a probabilidade de sobrevivência.

No entanto, existe sempre a questão de acesso a dados e de privacidade de cada um de nós. Será que quero que saibam onde eu ando todo o dia? O que estou a fazer? O que estou a comprar?

Qual a vossa opinião sobre este assunto?

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