“Tu arrancas sem deixar o carro aquecer?”, “Como assim, não deixas o carro ligado três minutos antes de sair?”

O inverno é, por norma, uma das estações do ano mais extremas, nomeadamente nas regiões mais altas e a norte de Portugal. A descida de temperatura abrupta, as variações térmicas dentro e fora de casa, os fenómenos meteorológicos como a chuva, o granizo, neve e rajadas de vento muitas vezes fortíssimas, são típicas de uma das estações mais rigorosas do ano.

Assim, acostumá-mo-nos a ouvir, um pouco por todo o lado, em jeito de sabedoria popular, que quando saímos de carro, devemos deixá-lo aquecer ao ralenti até atingir uma determinada temperatura, ou um certo número de minutos, considerado “seguro” para arrancar.

Antes de analisarmos esta questão, e em jeito de resumo, um motor de combustão interna comum funciona utilizando os pistões como forma de comprimir uma mistura de ar e combustível vaporizado dentro de um cilindro. Isto leva a que a mistura se inflame e seja criada a combustão tal como a conhecemos, através de pequenas explosões controladas que fazem “mexer” o motor.

Com temperaturas mais frias, e com o motor frio, o rácio correcto de funcionamento, responsável pela combustão mais eficiente de carburante, não é atingido. Isto seria um problema, de facto, se vivêssemos na época em que os carburadores eram reis. Porquê? Porque os carburadores misturam o combustível e o ar vaporizado para o motor funcionar, e, sendo um processo mecânico, não possuem sensores que permitem ajustar, de forma programada, a quantidade de gasolina vaporizada quando está frio, contrariamente aos veículos de injecção electrónica. Estes, por intermédio dos sensores, criam e adaptam a mistura até que o veículo atinja a sua temperatura ideal de funcionamento, sendo muito mais seguro, fácil e cómodo, uma vez que não é necessária qualquer acção prévia por parte do dono do veículo para o manter com saúde mecânica.

Os riscos principais em deixar ao ralenti “para aquecer” um carro são o da deficitária lubrificação dos componentes internos do motor, que têm tendência a acentuar-se com o passar dos anos e quilómetros/desgaste do veículo, assim como o gasto acrescentado de combustível, uma vez que o motor procurará injectar mais quantidade de carburante enquanto o motor estiver frio, por forma a atingir uma mistura mais rica (mas nem por isso mais eficiente).

Portanto, e a não ser que utilize um carro com sistema de alimentação por carburador (carros anteriores a 1990), o melhor, mesmo, será ligar o carro e arrancar suavemente, uma vez que a maneira mais eficiente de um motor atingir o seu ponto óptimo de funcionamento é chegar à temperatura correcta (situada entre 80 e 90 graus Celsius).

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