Há aparentemente uma falta mundial de baterias cilíndricas, com o Japão particularmente afectado, sendo aí “impossível” adquirir unidades, e afectando os principais fabricantes, incluindo Samsung, LG e Murata. A culpa pode ser da Gigafactory da Tesla.
A perder $1 bilião por trimestre, a Tesla necessita rapidamente de fazer dinheiro, ameaçando tornar-se um buraco negro de investimento se não o começar a fazer, e tem desenvolvido esforços para aumentar a produção de baterias da sua Gigafactory, até agora sem qualquer sucesso. No entanto, o seu apetite voraz por componentes para essas mesmas baterias terá deixado o resto do mundo sem fornecimento adequado.
Fontes do Etnews indicam inclusivamente que a Panasonic cedeu os seus componentes à Tesla num esforço de colocar a produção em dia, e terá notificado clientes de que não voltará a fornecer baterias cilíndricas. O resultado é que quem não tem contratos assinados quanto a fornecimentos, está a encontrar-se sem alternativas e sem baterias.
O que está a falhar na Gigafactory
A resposta para a questão colocada é multifacetada. Localizada em pleno deserto do Nevada, a Gigafactory sofre problemas severos devido à sua aposta em energias totalmente renováveis, indicando as fontes da indústria que tem sido impossível manter um fornecimento energético estável. Em paralelo, a localização remota não só tem impossibilitado a contratação de mão-de-obra adequada, como tem contribuído para dificuldades no fornecimento e escoamento de componentes.
Entretanto, o resultado de tudo isto é que todo um mundo de novas tecnologias está a sofrer seriamente com o domínio da Tesla nas baterias. Ora a Tesla ainda não começou sequer a produzir o Model 3 em quantidades suficientes, pelo que se o conseguir fazer, o problema irá agudizar-se. Claro que estamos numa situação de ovo ou galinha, e sem baterias, o Model 3 não sairá da linha de montagem.
Consequências globais e nefastas
Com a dominância da Tesla e a sua sede por componentes de baterias, todo o mundo tecnológico está a sofrer escassez. Cada bateria de 100kWh que equipa um Model S é suficiente para 200 bicicletas eléctricas, sem contar com as centenas ou milhares de equipamentos electrónicos que dependem destas baterias para funcionar.
Ora as empresas mencionadas neste artigo representam 80% da produção mundial de baterias cilíndricas. As alternativas passam pelo aumento da produção, e pela procura de novos fornecedores, mas existirão consequências importantes para os consumidores e para o ambiente.
Por um lado, a escassez de componentes forçará o aumento dos preços. Por outro, caso exista a possibilidade de obter mais matéria prima, esta não será obtida a curto prazo sem maior pressão sobre a exploração mineira, com maior pressão depois sobre as populações e os ecossistemas afectados. A mineração para as baterias pode ser extremamente poluente, com estimativas a indicar que 99.8% das terras movidas podem ser devolvidas ao solo contaminadas com fortes agentes tóxicos.
Não é o tipo de impacto ambiental que a Tesla e os veículos eléctricos deveriam ter.