Inteligência artificial ou aprendizagem automática são hoje dois termos amplamente utilizados. São termos que irão mudar o modo fundamental como olhamos para e interagimos com as nossas máquinas e elas connosco. Quando for lançado a 16 de Outubro, o Huawei Mate 10 será o primeiro smartphone a chegar ao mercado com um processador integrando um chip de inteligência artificial.

Mas para o utilizador que quer apenas um smartphone potente, que diferença fará a inteligência artificial, e porque a poderá fazer do Huawei Mate 10 um equipamento único?

Software vs inteligência artificial

A comparação é algo grosseira, já que a inteligência artificial é ainda uma questão de software, mas opõe-se de modos muito notórios à programação informática clássica.

Nesta, a inserção de um comando é feita por via de símbolos alfanuméricos (letras e números, portanto) inseridos por teclados ou ratos. A comunicação é rígida e o processamento é feito com recurso a algoritmos predeterminados. O software está limitado a estes ciclos de input-processamento-output.

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No caso da inteligência artificial, os inputs não são códigos alfanuméricos, mas texturas, imagens, discurso. Não estando limitada a um conjunto restrito de algoritmos rígidos, a AI processa os comandos com recurso a bases de dados que são constantemente melhoradas com a informação recolhida pelos agentes de inteligência artificial como os chatbots e assistentes virtuais.

Uma maneira simples de definir inteligência artificial será um dado estado em que uma máquina é capaz de recolher informação e aprender.

A mudança fundamental da Huawei

Ao integrar no Kirin 970 um chip exclusivamente dedicado à inteligência artificial, a Huawei quer fazer uma mudança fundamental no modo como a tecnologia tem funcionado. Até agora, a inteligência artificial tem sido fortemente dependente de dados armazenados na nuvem, mas doravante passa a estar disponível offline.

A razão para o recurso à nuvem é simples: a inteligência artificial necessita de quantidades massivas de informação e enorme capacidade de processamento. A Huawei, no entanto, tem acreditado que o grande passo é mesmo uma maior integração das sinergias entre cloud e dispositivo, e maior independência deste.

Não só o dispositivo deixa de necessitar de ligação à rede para termos acesso a este tipo de funcionalidade, como ao estar radicada no nosso próprio smartphone, a inteligência artificial será mais afim dos nossos hábitos e necessidades.

Kirin 970

Portanto, existe aí o potencial para assistentes virtuais mais funcionais, mais adequados às nossas necessidades, mais rápidos, mas é algo que podemos dizer de muitas outras áreas onde a inteligência artificial mudará aquilo que os nossos smartphones podem fazer.

Existe igualmente potencial para maior segurança, já que o dispositivo enviará menos informações que possam ser interceptadas.

Os benefícios reais para o utilizador

Fotografias com qualidade nunca vista

Perguntem à Google como é que os novos Pixel 2 e Pixel 2 XL criam bokeh (ou desfoque do plano de fundo) com apenas uma câmara, quando os principais concorrentes requerem duas. A resposta é a inteligência artificial.

Através do reconhecimento de rostos e de imagens, as câmaras dos Pixel 2 podem mais facilmente separar diferentes objectos numa imagem, criando a separação entre os diversos planos. Ao recorrer a duas câmaras RGB+Monocromática, a Huawei há muito que tem experiência na criação de bokeh via software. No entanto, ele será doravante vastamente melhorado, sem as típicas localizações na imagem onde os algoritmos borram ou preservam o foco erroneamente.

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Outra melhoria será no reconhecimento de cenas, HDR e zoom, com a inteligência artificial a permitir mais rápida identificação dos parâmetros de fotografia e extrapolação dos dados de cada pixel para zoom lossless.

Realidade aumentada

Ainda na área da imagem, mas com aplicações bem diferentes, Google, Sony e iPhone já mostraram que é possível criar imagens 3D muito detalhadas do nosso rosto, mas igualmente do que nos rodeia.

O IKEA já possui uma app para iPhone que permite mapear a divisão de uma casa e sobrepor mobiliário. De uma vez saberemos se o móvel cabe num local e se fica bem na decoração.

Graças à inteligência artificial e a sua capacidade para decifrar imagens, este tipo de aplicações de realidade aumentada irão melhorar-de e generalizar-se. Não somente os jogos, mas todo um novo universo de serviços podem abrir-se, incluindo no campo médico e diagnóstico à distância.

Computação mais rápida e eficaz

Os chips móveis estão cada vez mais potentes e económicos do ponto de vista energético, mas em compensação cada vez mais usamos os smartphones para actividades mais intensas e diversificadas. A duração de uma carga de bateria não está a durar mais, porque cada avançado parece ser acompanhado de maiores necessidades de consumo por parte dos utilizadores.

Algo que os processadores são hoje em dia é pouco preditivos. A Huawei quer mudar isso com a NPU no Kirin 970. Capaz de aprender com as nossas apps e hábitos, o Kirin 970 saberá programar melhor os seus recursos, por um lado usando os estritamente necessários, por outro mobilizando-os mais rapidamente.

Imaginemos um cenário em que uma app é geralmente iniciada a seguir a outra específica. Um processador com inteligência artificial pode prever esse movimento e alocar recursos desde logo.

Ou imaginemos um jogo que vai inevitavelmente aquecer o processador. Quando isso acontece, o chip é travado para arrefecer, resultando em travagens no jogo. E se um chip com NPU puder perceber que o aquecimento será gradual e começar a controlar o processador antes da transição ser tão abrupta que se note?

O jogo poderia continuar a fluir sem travagens visíveis e sem o sistema em algum momento sofrer falta de recursos.

Capaz de reconhecer e aprender com padrões de utilização, a inteligência artificial a bordo do Kirin 970 permitirá que o chip responda mais depressa, mais adequadamente que o Kirin 960, ainda que utilizem tecnologias análogas. Experiência de utilização mais fluida e poupança de bateria serão sem dúvida vantagens visíveis.

Assistente virtual ainda mais inteligente

Como recorrem a dados na nuvem, os assistentes virtuais aprendem com a massa crítica de milhões de utilizadores. Estes permitem melhor reconhecer padrões de discurso e hábitos, mas o resultado é que nem sempre os resultados são particularmente personalizados.

Ao existir no nosso próprio smartphone, um chip de inteligência artificial tem acesso a dados estritamente nossos que não tem que enviar para um servidor distante. Fora a segurança acrescida, as solicitações que dermos ao assistente terão resultados mais adequados aos nossos hábitos, mais afins do que realmente queremos.

Conclusão

Existem muitos cenários ainda apenas no reino das possibilidades. Certo é que a inteligência artificial é o futuro e a Huawei quer estar na vanguarda desta corrida.

Para o utilizador, a integração da inteligência artificial no smartphone irá mudar o modo como interagimos com ele e o Huawei Mate 10 iniciará esse caminho.

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