No passado, o sol era a principal fonte de luz mas com a introdução de tecnologias produtoras de luz artificial deixamos de passar as noites em relativa ou completa escuridão.
A exposição à luz durante a noite interfere com o relógio biológico do nosso corpo (ritmo circadiano) e por consequência o nosso sono é afectado. Para além disso, existem estudos que sugerem que essa exposição pode ser a causa do aparecimento de cancro, diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade.
Quais são os riscos para a saúde?
Existem vários estudos que ligam o trabalho à noite e a exposição à luz a diversos tipos de cancro (mama e peito), diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade. Ainda não é claro como a exposição à luz à noite nos pode prejudicar, porém conhecemos o efeito supressor da secreção de melatonina, uma hormona que influencia o ritmo circadiano, e existem estudos preliminares que relacionam os baixos níveis de melatonina com o aparecimento de cancro.
Um pequeno estudo realizado em Harvard veio trazer alguma luz sobre a possível relação com o aparecimento de diabetes e a obesidade. Os investigadores colocaram 10 pessoas num horário durante o qual os ritmos circadianos foram atrasados e registaram um aumento dos níveis de açúcar, colocando os participantes num estado de pré-diabetes. Adicionalmente, os níveis de leptina, uma hormona que nos deixa satisfeitos depois de uma refeição, baixaram.
Mesmo uma luz baixa pode interferir com o nosso ritmo circadiano e a secreção de melatonina. Uns meros 8 lux – um nível de luminosidade emitido pela maioria das lâmpadas de mesa – têm um efeito negativo no nosso sono que pode, por sua vez, aumentar o risco de depressão.
Porque é a luz azul mais prejudicial?
O olho humano é sensível apenas a uma parte do espectro da luz: a luz visível. Dentro da luz visível, encontramos, entre as diversas cores, a luz azul que se caracteriza por ter um comprimento de onda menor e por isso produz mais energia. Esse facto leva a que a luz azul iniba a produção de melatonina de forma mais acentuada quando comparada com luz de outras cores.
Muitos dos equipamentos electrónicos que usamos hoje, como smartphones, computadores, tablets e televisões, usam a tecnologia de luz LED que emite fortes ondas de luz azul.
O que podemos fazer para nos protegermos da luz azul?
- Usar luzes vermelhas de baixa intensidade durante a noite. A luz vermelha tem a menor capacidade de alterar o ritmo circadiano e inibir a produção de melatonina.
- Evitar a exposição a ecrãs com muito brilho duas ou três horas antes de dormir.
- Expor-se a bastante luz brilhante durante o dia, o que irá aumentar a capacidade de dormir à noite, e influenciar positivamente o humor e o estado de alerta durante o dia.
- Se trabalha durante a noite ou usa muitos equipamentos electrónicos à noite, usar óculos que bloqueiam a luz azul ou instalar uma aplicação que filtre a luz azul e verde à noite.
Na última actualização do Windows 10 – Creators Update – já existe a opção de ativarmos a Luz Nocturna (Night Light). Poderão ver as instruções neste link.
Para quem ainda não tem acesso a esta opção, existe um excelente opção – o f.lux – que apresenta diversas opções de configuração e está disponível também para Mac, Linux, iPhone/iPad e Android.