Os mais atentos às novidades tecnológicas já saberiam que a MediaTek tinha marcado para hoje o anúncio da família de processadores G90, destinados ao gaming. Mas, como a marca de Taiwan não desperta geralmente muito interesse, talvez tenham simplesmente esquecido o evento. Os MediaTek G90 são – surpreendentemente – muito interessantes.

Com a Qualcomm a mobilizar o seu Snapdragon 855+, a MediaTek não teria grandes hipóteses de competir neste segmento, depois de enterrar as suas pretensões de gama alta no malfadado Helio X30. A marca escolheu, por isso, o caminho da economia que tão bem lhe tem feito.

O MediaTek Helio G90 aposta numa arquitectura octa-core com núcleos Cortex-A76 e Cortex-A55, se bem que não revele quantos temos de cada um. O chip mobiliza ainda a Mali G76 com clock máximo de 800MHz para o processamento gráfico. Tratando-se de um chip de gama média, a MediaTek não apostou na litografia de 7nm, mas na sua bem conhecida de 12nm que deverá garantir um preço muito competitivo. Ao contrário do que acontece nos topos de gama, os smartphones equipados com um G90 também estarão limitados a um máximo de 10GB, em vez dos 12GB que já começamos a ver. Sejamos francos: algum jogo Android precisa sequer de 10GB?

O MediaTek G90 é particularmente forte em fotografia, compatível que é com 64MB máximos, ou duas câmaras de 24MP, mais uma de 16MP, tornando-se perfeitamente compatível com sistemas de três e quatro câmaras, e inclui um motor de profundidade de campo por hardware.

Peculiar é a integração de palavras-estímulo para acordar assistentes virtuais, como o Google Assistant, ou a Amazon Alexa.

Software refinado para o gaming

Em termos de hardware, o MediaTek G90 é uma mistura peculiar entre chips de gama alta (nos núcleos utilizados) e chips budget (na litografia). É altamente improvável que o G90 chegue sequer perto de processadores como o Snapdragon 855, quiçá mesmo do Snapdragon 730/735.

O segredo da MediaTek estará mesmo no software, onde a marca apostou a sério em refinamentos pensados para melhorar a performance nos jogos. Trata-se de não colocar todas as fichas nos fps e melhorar outros aspectos. Via o HyperEngine, a MediaTek promete-nos menos lag no touch, melhor processamento de imagem, incluindo gráficos HDR10, e Internet mais estável para evitar cortes nos jogos. O G90 poderá utilizar, por isso, uma ligação LTE para coadjuvar ligações Wi-Fi instáveis e pode utilizar duas ligações Wi-Fi em bandas diferentes, por exemplo trocando de router quando o outro falhar.

Com estas implementações, o MediaTek G90 não vai simplesmente colocar-nos no máximo das fps: nesse campeonato, o chip de Taiwan está em desvantagem. O que ele realmente quer oferecer é uma experiência globalmente mais estável e competitiva na gama média onde os chips são polivalentes e, como tal, pouco optimizados para os jogos mais intenso. A verdade é que não precisaremos do melhor chip do momento para jogar Fortnite ou PUBG, desde que os recursos sejam bem aproveitados.

Não há menção de quando chegarão os primeiros smartphones com este processador da MediaTek, mas esperemos que seja depressa, porque assim veremos a chegada dos smartphones de gaming aos segmentos mais baratos do mundo mobile.

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