Após meses de rumores nesse sentido, foi hoje oficializado: a NVIDIA, gigante das GPU e inteligência artificial chegou a acordo com o Softbank para a aquisição da ARM, pilar fundamental do mundo mobile. O acordo valerá 40.000 milhões de Dólares, mas o seu impacto no mundo da tecnologia será maior do que este valor.
As arquiteturas ARM têm dominado o mundo dos smartphones e outros dispositivos móveis nos últimos anos, formando a base dos processadores de todas as marcas, desde MediaTek a Qualcomm, passando pela Apple e pelos HiSilicon da Huawei, entre outras. Tempos houve em que a Intel tentava dar cartas, mas o mobile e a ARM mostraram ser o casamento perfeito.
A NVIDIA não tem neste mundo uma presença de grande destaque, mas isso certamente mudará com a aquisição da ARM, mas não só a marca estará a ganhar terreno nos processadores e GPU mobile, como estará a criar um verdadeiro domínio na inteligência artificial, um ponto onde NVIDIA e ARM já possuíam amplos recursos e mestria.
Pensemos que se estima que, neste momento, mais de 70% da população mundial utilize produtos que dependem das tecnologias ARM. Se a própria NVIDIA é cliente ARM para os seus Tegra que se utilizam nas NVIDIA Shield ou Nintendo Switch, mas também nos automóveis, a mesma verdade se aplica à Apple e outras marcas, aos smartphones, tablets e IoT.
Alguns obstáculos ainda
Muitos poderiam ter medo deste negócio, já que a ARM Holdings foi sempre profundamente neutra nos seus negócios com todos os fabricantes, enquanto a NVIDIA tem interesses próprios de mercado. Preferia-se, por isso, uma aquisição por um consórcio que não afetasse a neutralidade da arquitetura, mas para já a NVIDIA garante que manterá as licenças que permitem a todas as restantes marcas criar processadores com base nas arquiteturas ARM. Não é que a NVIDIA seja uma santa, mas caso a ameaça de cancelamento destas licenças estivesse em cima da mesa, a compra poderia ser vetada para evitar um monopólio poderoso. Depois da compra, no entanto, poderá esta postura durar?
Esta questão do licenciamento é mesmo um ponto-chave da aquisição da ARM. Se a NVIDIA e o Softbank já chegaram a acordo, as autoridades de diversos países irão ainda avaliar se a compra não coloca em causa a livre concorrência e não admira, por isso, que a NVIDIA já tenha prometido aumentar o investimento R&D da ARM no Reino Unido, mantendo a sede da ARM em Cambridge.
Grandes possibilidades
No reverso da medalha, esta união tem certamente um enorme potencial. Do ponto de vista do mobile, podemos pensar que a mestria da NVIDIA em gráficos pode chegar aos smartphones em força, depois dos chips Tegra se terem desviado para outras praias, já que o mercado preferiu os chips integrados da Qualcomm.
E que tal um smartphone NVIDIA? As possibilidades são imensas, também por exclusão de partes: caso os concorrentes da NVIDIA se sintam ameaçados, poderão ter interesse em apostar em alternativas aos produtos da ARM.