Quando olho para o BQ Aquaris X2, vejo um dos melhores equipamentos de gama média de 2018. Muito completo, com um design soberbo e especificações irrepreensíveis, é fácil esquecer que o Aquaris X2 não é obra de um gigante asiático, mas da pequena e determinada BQ Espanhola, um dos poucos nomes europeus que ainda não comprometeu em funcionalidades para concorrer com as marcas Chinesas. É que o X2 simplesmente rivaliza com qualquer criação vinda do oriente e o terminal é – ainda hoje – um dos melhores smartphones que podemos comprar na casa dos €300, mesmo considerando que existem alternativas mais recentes.
Mas a BQ estará a caminho de apresentar um sucessor nos próximos meses. Poderá nem se chamar Aquaris X3, mas esta é a minha lista de desejos para ele.
Porquê uma relação de paixão com o BQ Aquaris X2
Com o BQ Aquaris X2 a BQ leu extremamente bem o mercado: o dispositivo capitalizou a tendência de 2018 de fabrico em alumínio e plástico, para um corpo muito bem contornado e uma versão em branco e dourado extremamente atraente, capaz de rivalizar com os mais bonitos da história de marcas como a reconhecida Honor. Fora o visual, o X2 é um smartphone ao qual não falta nada: o Snapdragon 636 é dos melhores processadores do ano, juntando performance a funcionalidades e eficiência energética, o ecrã é uma unidade 18:9 FHD+ com tecnologia Quantum Color+ e brilho de 650 Nits, e a BQ não se esqueceu da tecnologia NFC ou do Quick Charge 4+, sendo este um dos primeiros dispositivos anunciados com o novo padrão. Embora o pacote inclua apenas um carregador QC3.0, esta é uma “prenda” que a maioria dos concorrentes não dá aos utilizadores.
Sem esquecer as câmaras, ponto onde o BQ Aquaris X2 está certamente ao nível de alguns dos melhores do ano nesta gama de preço, como o Huawei Mate 20 Lite ou o Huawei P20 Lite. Uma câmara principal de 12MP “big pixel” com abertura f/1.8 tira proveito de uma app fotográfica que é das mais completas do mercado, ponto onde os BQ sempre se souberam distinguir! O BQ Aquaris X2 dá resultados, ponto final.
Finalmente o BQ Aquaris X2 tem protecção IP52 contra salpicos e chega-nos como parte do programa Android One, garantindo actualizações atempadas e suporte prolongado para uma interface limpa que é uma delícia utilizar. Funcionalidades como duplo toque para acordar e bloquear o ecrã, LED programável ou ecrã ambiente não ficaram esquecidas pela BQ.
Portanto, o que faria do sucessor do Aquaris X2 um campeão?
Um processador ainda melhor
Gosto realmente do Snapdragon 636 e da a relação potência-eficiência energética é louvável. No entanto, para 2019, a BQ terá que apostar num processador mais moderno e aquele que as marcas Chinesas irão mobilizar será mesmo o Snapdragon 675.
Este processador é económico, mas extremamente eficiente, e suficientemente potente para rivalizar com o Snapdragon 710. O chip inclui 8 núcleos semi-custom Kryo 460, mas na verdade quatro são do tipo Gold baseados no Cortex A76, e os restantes são Silver, baseados no Cortex A55 para eficiência. O chip inclui ainda compatibilidade com os novos sensores de 48MP, os mesmos componentes de inteligência artificial do Snapdragon 710, um modem X12 LTE para downlink de 600Mbps e uma gráfica potente. Trata-se de um chip substancialmente mais moderno fabricado numa litografia de 11nm que será mais eficiente que o Snapdragon 636.
Mas a BQ poderá também apostar no Snapdragon 710, algo inferior ao 675 em performance bruta, mas com gráfica mais potente e um modem capaz de 1.2Gbps. Nada mau, certo?
Câmara (tripla?) com sensor de 48MP
O BQ Aquaris X2 introduziu a BQ ao mundo dos smartphones com duas câmaras e o X3 poderia com grande vantagem apostar em uma câmara tripla. No entanto, se tiver que escolher, prefiro duas boas câmaras, que três desnecessárias, mas a BQ só dificilmente poderá escapar a incluir um dos novos sensores fotográficos de 48MP.
Depois de alguns anos em que a contagem de pixéis não subiu e as marcas se concentraram em tamanho dos pixéis, a tecnologia chegou ao ponto onde os 48MP serão a loucura fotográfica de 2019. A vantagem dos novos sensores é a capacidade de interligarem pixéis adjacentes, criando uma fotografia final equivalente a 12MP com pixéis grandes, recolhendo substancialmente mais luz em condições de baixa luminosidade. A resolução acrescida tem inúmeras vantagens, como menos propensão ao moiré ou perda de detalhes puros e simples, mas pode originar aberrações cromáticas chamadas de “fringing” e difração. No entanto, pelo menos o que a Sony já mostrou do seu novo sensor mostra um controle excepcional destes problemas.
Áudio de qualidade a sério
O BQ Aquaris X2 tem uma característica quase inédita na sua gama de preço: altifalantes estéreo! Podemos encontrar estes detalhes em equipamentos que custam o dobro, como os Huawei Mate 20 Pro ou Samsung Galaxy S9 e Sony Xperia XZ3, mas poucos vão tão longe quanto a BQ por €300, o que me permite ver NOS ou Netflix com grande gozo. No entanto, via jack áudio ou Bluetooth, o Aquaris X2 não nos deixa brincar tanto e está limitado ao codec aptX da Qualcomm, pelo que já seria uma melhoria o recurso ao aptX HD, mas ainda assim sou adepto incondicional do áudio e não me esqueço que a BQ costumava apostar na tecnologia Dolby Atmos. Dirac também seria interessante, digo-vos.
As ferramentas Dolby Atmos têm o seu custo em termos de licenciamento, mas fazem uma diferença audível em termos de qualidade geral de som via wireless ou jack áudio que será um valor acrescentado para a gama intermédia da BQ. Quem já passou por um dispositivo destes com um bom par de auscultadores sabe distinguir a diferença e os amantes de áudio que não queiram gastar extra por um amplificador externo sabem escolher.
Design distinto
Os smartphones continuam a ser incrivelmente iguais uns aos outros e o maior risco para muitas marcas é caírem no jogo da imitação. A BQ tem conseguido manter o seu design ao mesmo tempo contemporâneo, mas também identificável. Espero que a BQ mantenha esta capacidade com o Aquaris X3.
Será interessante ver como a marca abordará as grandes tendências de 2019, sendo quase obrigatório um acabamento em gradiente, embora nada supere um BQ em clássico branco!
Mais importante será a utilização de um ecrã com área activa significativamente maior. Desta vez, a BQ poderá adoptar mesmo um notch, e o mais útil será em gota de água, que oferece uma relação custo-eficiência muito superior aos novos ecrãs perfurados que têm o problema de aumentar os custos sem real benefício para o utilizador. Já o leitor biométrico no ecrã não serve qualquer propósito para o público-alvo da BQ. Os leitores ópticos são mais lentos e menos seguros que um leitor tradicional, e é pouco provável que a BQ consiga integrar um leitor ultrassónico de forma económica.
Conclusão
A BQ não precisa fazer muito para superar o BQ Aquaris X2. Basta manter a sua postura de não comprometer os serviços ao dispor do utilizador, com o acrescento de algumas tecnologias mais em voga em 2019, sem perder de vista a sua noção prática. Mas o meu gosto pode não ser o vosso: qual característica mais querem ver no BQ Aquaris X3?