Parece que estava enganado. Acontece frequentemente. Ou não. Nesta fase é difícil saber, mas apesar dos últimos dias terem apontado para uma estreia do leitor biométrico da Synaptics a bordo do Samsung Galaxy S9. No entanto parece que poderá ser a Vivo a passar a perna às restantes fabricantes, colocando no mercado pela primeira vez esta tecnologia extremamente inovadora.

Obviamente que não é a primeira vez que esta hipótese é avançada. Afinal, em Junho passado, Qualcomm e Vivo demonstraram o conceito no Mobile World Congress Shanghai. Pela natureza da demonstração era altamente improvável que o conceito estivesse já numa fase avançada de operacionalização e, prova disso, é que os smartphones com a tecnologia não chegaram ao mercado ainda em 2017, como tínhamos avançado.

Volvido meio ano, e quando parecia que Synaptics iam ganhar a corrida, eis que chega Patrick Moorhead, renomado analista da Moor Insights, com uma publicação do Twitter onde mostra fotografias que tirou com um protótipo da Vivo com um leitor biométrico funcional através do ecrã OLED.

Moorhead declara muito claramente que a experiência foi mais rápida do que ele antecipara.

No seu artigo para a Forbes, Moorhead coloca a tese de que quando a Synaptics indicou que o seu ClearForce ID chegaria em 2018 num fabricante Top 5, quereria dizer a Vivo. Nem tudo (ou praticamente nada) roda já em torno dos mercados ocidentais, e o maior mercado do mundo é mesmo na China onde, parte da BBK, a Vivo é uma das fabricantes mais destacadas.

As vantagens deste tipo de leitores são muitas. 

O FaceID da Apple é excelente e tecnologicamente impressionante, mas a necessidade do entalhe é uma falsificação do conceito de ecrã bezel-less. O espaço que o entalhe – ou notch – ocupa é amplo e destaca-se negativamente, com implicações para as apps e multimédia.

Com um leitor biométrico sob o ecrã, mascarado através dos pixéis, um ecrã OLED deixa de ter reais limitações para reduzir os rebordos. Podemos ter um ecrã de lés a lés, com margens mínimas e o mínimo indispensável para alojar os sensores frontais indispensáveis. A adopção desta tecnologia será por isso de esperar por parte dos diversos fabricantes, à procura de um meio seguro e prático de bloqueio do smarpthone sem a complexidade do reconhecimento facial.

Um sensor fotográfico sob disfarce

A solução da Synaptics é realmente brilhante. O sensor não é do tipo ultrassónico, mas um sensor fotográfico perfeitamente normal, extremamente fino, com o módulo a ter meros 0,7mm de espessura. Ainda assim será interessante ver como este sensor afectará a espessura total de um smartphone moderno, onde o espaço interno se mede em fracções de milímetros numa corrida frenética aos formados mais delgados.

O que este sensor faz é tirar uma fotografia da nossa impressão digital através dos pixéis. Os próprios pixéis do ecrã servirão de “flash”, iluminando o dedo e ajudando o sensor a captar a imagem que é depois analisada, encriptada e autenticada com tecnologia SentryPoint e Adaptive Quantum Matcher.

A China ainda lidera em inovação

Apesar de ser um mercado onde proliferam as cópias dos grandes flagships, incluindo iPhone ou Galaxy S9, a China continua a ter algumas marcas que apostam forte na inovação e na conquista de mercado pela diferenciação. Parece que, enquanto a Samsung voltou a caminhar orgulhosamente só no desenvolvimento das suas tecnologias, postura que é uma das suas grandes forças, a Vivo se virou para a Synaptics, uma especialista em sistema de interfaces humanos que se pode dar ao luxo de concentrar os seus esforços em tecnologias deste tipo.

Não deixa de ser absolutamente surpreendente como é que uma marca essencialmente doméstica, que ainda não se expandiu realmente para fora da China, passa a perna aos grandes nomes ocidentais. Mas isso é apenas mais uma prova de que a China, hoje em dia, já não precisa seguir o exemplo, mas dá-lo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui