Esta é uma história de ascensão, queda e renascimento. Esta é uma história tão improvável no seu início, quanto no caminho que hoje leva a saga desta marca Finlandesa que quase desapareceu, mas que pode ser o mais extraordinário caso de uma ascensão meteórica. Os resultados operacionais da Nokia foram revelados pela Counterpoint e, a este ritmo, a Nokia pode ser um dos cinco mais populares construtores de smartphones em todo o mundo, já em 2018.

A última vez que falamos das vendas da Nokia verificamos que o terceiro trimestre tinha visto um volume de vendas de 16 milhões de unidades, das quais cerca de 2.5 milhões seriam smartphones e as restantes feature phones. Segundo a Counterpoint, as vendas de smartphones atingiram na verdade 2.8 milhões de unidades, o que representa o dobro do valor obtido no segundo trimestre, com vendas de 1.4 milhões de smartphones.

Algo muito importante aconteceu nesta transição: os Nokia 3 e Nokia 5 foram lançados, enquanto o Nokia 6 chegou ao mercado internacional. Não há como não o dizer: as vendas dispararam de um modo que não pode deixar de alarmar todos os concorrentes que sabiam que essa era uma possibilidade desde que a HMD anunciou o Nokia 6 no final de 2016.

E depois tudo melhorou ainda mais: no quarto trimestre, as vendas de smartphones da Nokia subiram de novo, ficando-se pelos 4.15 milhões de unidades vendidas. Tudo somado, a Nokia vendeu 8.45 milhões de smartphones em 2017, atingindo 1% do mercado global de smartphones.

Com o MWC no final de Fevereiro, a Nokia lançará novos dispositivos, incluindo o Nokia 9 ou Nokia 8 Scirocco, podendo também colocar no mercado internacional o Nokia 7, quiçá o Nokia 2. Deveremos ver ainda um misterioso Android One. São inúmeros argumentos para mantermos as vendas de smartphones em alta, porquanto cumpram as expectativas.

Se o ritmo de crescimento por trimestre se mantiver razoavelmente, podemos pensar em pelo menos 2 milhões de vendas extras por trimestre, com o que a Nokia estaria a vender 12 milhões de unidades no terceiro trimestre de 2018 na pior das hipóteses. Ora a Xiaomi vendeu 14.3 unidades neste final de 2017.

A Nokia está, por isso, perto de chegar os primeiros do pelotão. De facto, segundo os dados da Counterpoint, com 4.2 milhões de unidades vendidas no quarto trimestre, a Meizu foi a décima marca de maior sucesso. Os 4.15 milhões de unidades vendidas pela Nokia na mesma altura colocam-na praticamente à porta do Top 10.

Com algumas flutuações, a Nokia pode facilmente ultrapassar os 30 milhões de unidades vendidas para todo o ano de 2018, dando-lhe boas possibilidades de lutar pelo top. Há, no entanto, outro modo de olhar para os números: a cada trimestre, a Nokia duplicou as suas vendas. Os números podem ser bem superiores, mas será um grande desafio para a HMD manter este ritmo.

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Um sucesso impensável, mas justificado

Podemos pensar em inúmeras marcas que passaram os últimos anos a batalhar com grande qualidade, sem atingirem este nível de crescimento. As razões remontam certamente à mística Nokia, mas são mais profundas.

Numa primeira fase, a HMD cavalgou inquestionavelmente a hype de uma Nokia renascida, bem alimentada pelo saudosismo de milhões de consumidores que se lembram da combinação de inovação, preço e qualidade que a Nokia sempre representou. Não admira que do primeiro para o segundo trimestre, as vendas disparassem e, a partir daí, duplicassem. Duas vezes.

Por um lado, a Nokia foi capaz de colocar no mercado um portefólio variado de equipamentos, que por si só ajudaram a marcar a presença da marca. Ao consumidor deram então a clara ideia de que não havia só um sabor baunilha para quem procurasse Nokia.

A partir daí acabou-se o viver à custa do saudosismo: a HMD fez um melhor trabalho do que a esmagadora maioria das suas concorrentes na gestão das suas ofertas e promessas. Em menos de um ano de existência, a HMD fez o que uma dezena de concorrentes não fez em meia década, cumprindo quase ao dia as promessas de actualizar os seus dispositivos com os patches de segurança mais recentes, sendo sempre das primeiras marcas a fazê-lo.

A partir do final do ano passado, a Nokia passou os seus dispositivos para o Android Oreo, mais uma vez passando à frente de marcas maiores e mais experientes, que ainda lutam hoje para conseguirem a conversão para o sistema operativo mais moderno.

 

A qualidade como motor de sucesso

Desde que renasceu, que a Nokia podia ter falhado nas suas ambições em qualquer momento. Os seus dispositivos têm sido acolhidos com um misto de pacatez por alguma imprensa especializada que ainda pensa estar na década de noventa, e o entusiasmo dos utilizadores.

Mais do que a prova de fogo inicial da crítica especializada, a Nokia tem superado a prova de mercado medida pela satisfação dos compradores. As opiniões que temos recolhido remetem para equipamentos sólidos e duráveis, com boas prestações, mas os utilizadores estão simplesmente satisfeitos com as actualizações e o funcionamento dos equipamentos.

No final de Fevereiro, as novas ofertas da marca mostrarão se poderemos continuar a olhar para um futuro sorridente da renascida Nokia.

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