É um mundo de ficção científica: o reconhecimento facial permite-nos hoje desbloquear um computador ou um smartphone, e aceder a dados encriptados em ambos. Anos atrás (e escassos anos atrás, na verdade) esta funcionalidade era um simples elemento do argumento de um qualquer filme futurista, e se bem que ainda hoje estejamos longe do absoluto desses filmes, o futuro já chegou aos nossos smartphones.
No entanto, nunca fui um defensor deste sistema por diversos motivos: falta de conveniente, falta de segurança, incríveis taxas de erro. No entanto, configurando o reconhecimento facial no Samsung Galaxy S9 deixou-me convencido não só da sua validade, mas também da sua conveniência (pelo menos no Galaxy S9).
Antes chegou o leitor de impressões digitais
Francisca Rojas, Argentina, não é particularmente famosa. O seu maior contributo para a humanidade foi perder-se de amores num amor ilícito que a levou a matar os seus próprios filhos para agarrar um homem. Procurando encobrir o seu crime, Rojas cortou a própria garganta para poder culpar terceiros, mas o primeiro caso conhecido de análise forense de uma impressão digital deixou-lhe poucas opções que não confessar o crime.
Este dado remonta a 1879. Precisamos de mais de cem anos para os dispositivos móveis banalizarem este método que continua a ser extremamente seguro, graças à unicidade das impressões digitais, única a cada indivíduo. Os leitores de impressões digitais tornaram-se cada vez mais exactos e fáceis de utilizar, passando de capacitativos a ultrassónicos e chegando agora a encontrar-se atrás do próprio painel OLED do ecrã.
Depois veio a revolução do iPhone X
O reconhecimento facial não é uma novidade, nem uma invenção do iPhone X, mas a complexidade exactidão deste sistema, em conjunto com a enorme popularidade do gigante de Cupertino significaram uma explosão na popularidade do Desbloqueio por reconhecimento facial.
Todas as marcas começaram a lançar as suas próprias campanhas de marketing com foco no desbloqueio facial, um chavão mais do que uma novidade, tendo em conta que o sistema Android tem integrada a possibilidade no Smart Lock. A sua maior vantagem é a conveniência. A sua maior desvantagem é que toda a conveniência é feita à custa da falta de segurança, já que o sistema é facilmente contornado por fotografias e pela sua elevada margem de erro.
Nem todos os reconhecimentos faciais nascem iguais
Primordial nos sistemas de reconhecimento facial é a capacidade para cruzarem os dados recebidos pelos sensores, nomeadamente se a face é um objecto tridimensional que reflecte luz, ou um objecto plano como uma fotografia. A maioria dos smartphones não consegue distinguir uma da outra, e por isso mesmo o sistema do iPhone X é extremamente complexo, reunindo leitores e emissores que mapeiam a face de modo tridimensional.
A solução da Samsung é o chamado Reconhecimento Facial Inteligente, integrando a câmara frontal e a leitura da íris. De modo extremamente rápido, o sistema lê a face, mas lê também a íris e só no caso de ambas falharem é que é necessário inserir algum tipo de código para contornar o ecrã bloqueado.
Até este momento, o reconhecimento facial nunca me valeu um tostão de consideração. O leitor de impressões digitais é conveniente na maioria das situações e francamente em mais situações do que o reconhecimento facial. No entanto, com o Samsung Galaxy S9 dei por mim a utilizar o reconhecimento facial mais vezes do que a impressão digital. Porquê?
A abordagem Samsung
Facilidade de utilização
Uma vez mapeada a face, mapeada em acréscimo a íris, a utilização do desbloqueio facial é extremamente fácil de utilização, mesmo considerando que o Galaxy S9 implementa o desbloqueio instantâneo com a leitura da impressão digital.
No entanto, quantas vezes agarro o smartphone sem posição inicial para o leitor biométrico? Nestas instâncias olho para o ecrã e ele desbloqueia-se quase instantaneamente, mesmo quando vou a caminhar ou em contraluz. Já estou a ler as notificações de qualquer modo, pelo que não tenho a cabeça ocupada com mais nada, nem sequer posicionar o dedo no leitor.
Compromisso entre segurança e conveniência
Infelizmente, o leitor biométrico do Samsung Galaxy S9 encontra-se na face traseira. Na maioria das situações, para desbloquear o ecrã se não quiser marcar qualquer PIN, tenho mesmo de o agarrar da secretária. O reconhecimento facial entra aqui em cena.
No entanto, ao contrário do que acontece com muitos outros smartphones que fraquejam com fotografias ou em condições de luminosidade complexas, o Samsung Galaxy S9 consegue combinar ambas melhor que a minha experiência com o Smart Lock em equipamentos como o Blackberry KEYone ou Nokia 8, entre muitos outros.
É difícil quantificar quão seguro o reconhecimento facial do Samsung Galaxy S9 é, excepto que a Samsung não o permite como método de autenticação para o Samsung Pay. O foco aqui é então a conveniência.
O Reconhecimento Inteligente determina de modo muito rápido de deve reconhecer o rosto ou a íris. Naquelas noites em que acordam no breu do quarto, verificarão que a luz IR do leitor de íris se acende muito rapidamente e o smartphone desbloqueia. Nas restantes condições, a minha experiência é que o sistema simplesmente funciona extremamente bem, mesmo com luz fraca.
Mas pode ser frustrante
Não vale muito a pena andarmos depressa enquanto tentamos usar o reconhecimento facial. Ele simplesmente falhará por causa da oscilação nestas situações. Para mim, particularmente, o ponto mais irritante é que o sistema falha um número excessivo de vezes quando estou a utilizar os meus Marshall nos ouvidos. Quando não falha, simplesmente demora mais tempo. Podemos ir resolvendo estes problemas com novas calibrações do sistema e, na verdade, acabamos por encontrar o ponto óptimo.
Conclusão
O reconhecimento facial começa a ser popular, mas ainda está longe de ser ao mesmo tempo conveniente e seguro. Enquanto a maioria dos smartphones optam pelo desbloqueio facial disponível no Android, a Samsung acrescenta-lhe o leitor de íris que funciona em condições muito escuras e mesmo com óculos. O resultado final é prático, rápido e também conveniente.