Como se esperava, a Xiaomi anunciou hoje um refresh ao Xiaomi Black Shark, pouco mais de meio ano após o seu lançamento e fê-lo de modo algo tímido, nem sequer arriscando chamar-lhe um Black Shark 2, talvez por razões óbvias. Ainda assim a Xiaomi foi mais longe do que se esperava neste refresh de meio ciclo e o Black Shark Helo apresenta-se como o primeiro smartphone com 10GB de RAM, acrescentando ainda um sistema de arrefecimento dual, para melhorar a refrigeração do processador em cargas elevadas. Em suma, é um smartphone extremamente apelativo que oferece novidades inesperadas.
Se olhar para o Xiaomi Black Shark, vejo um dos melhores smartphones de gaming do momento – ainda neste momento, sem dúvida – quiçá com alguns problemas de dentição comuns aos smartphones de gaming de primeira geração. O Black Shark Helo não chega a ser um Black Shark 2, mas é certamente um Black Shark 1.5, já que corrige os pontos quiçá mais vulneráveis do primeiro equipamento, sem acrescentar custos, já que recorre a uma base comum.
Mas comecemos por fora, onde existem alterações muito visíveis, com a manutenção das linhas gerais, mas uma traseira repensada, com o painel principal a ser agora de vidro, um material mais premium que o plástico que substitui e quiçá com melhores propriedades de dissipação do calor. Este painel inclui duas câmaras na vertical com o leitor biométrico logo abaixo, um arranjo mais simétrico, mais elegante que a disposição anterior no canto superior esquerdo. Se o desenho original já era agressivo, o novo é ainda mais, integrando o logótipo Black Shark (que curiosamente é reminiscente de um escorpião) com um brilho RGB. Ao gamer não basta ser gamer, é preciso parecê-lo, certo?
E como tal, também as laterais incorporam novos LED RGB capazes de reproduzir 16.8 milhões de cores que acompanham os jogos que estamos a correr no momento. Estaremos a corrê-los num novo ecrã e essa é uma novidade de monta, já que é algo maior que o original, com 6.01 polegadas e desta feita trata-se de um AMOLED, não um LCD, ainda mais com tecnologia HDR, espaço de cor DCI-P3 e SRGB, algo que à primeira vista poderá fazer pouca diferença, mas os programadores podem bem optimizar os jogos para este tipo de espaços de cor, com resultados interessantes.
Ora, falando de interessante, a Xiaomi diz-nos que o ecrã chega com um processador de imagem dedicado, o que não sabemos bem o que quer dizer, mas que parece ser uma função de segundo plano para melhoria geral da imagem. Uma diferença notória face ao ecrã anterior (fora o tamanho, claro) são os altifalantes estéreo frontais, com o altifalante superior a receber uma abertura maior para melhorar o áudio.
Ainda mais interessante é a presença de dois dissipadores em vez de somente um. Em essência duas câmaras de vapor que permitem diminuir a temperatura do CPU até 12ºC com uma eficiência térmica aumentada vinte vezes. Fora o palavreado do marketing, a promessa de diminuir a temperatura até 12ºC é extremamente ambiciosa e permitirá ao Black Shark a manutenção de uma melhor performance de pico. Se isto não chegar, a Black Shark anunciou um módulo refrigerador que pode ser acoplado ao Black Shark, com dois coolers.
As novidades continuam com as câmaras principais de 12MP e 20MP, com capacidade de reconhecimento de 206 cenas diferentes e criação de efeitos de bokeh. Face a isto, até parece banal que o processador se mantenha o Snapdragon 845, cuja performance deverá ser melhorada pela refrigeração extra, mas os 10GB de RAM são tudo menos banais. O Helo é o primeiro smartphone com 10GB de RAM e isso significa que o novo Black Shark chega primeiro com esta característica, superando mesmo o Mix 3. Precisamos de 10GB de RAM no futuro próximo? Desta vez direi que sim, tendo em conta que este será um smartphone de gaming e poderá ser importante manter diversos jogos na memória em simultâneo, sem perda de dados.
Portanto, chegamos à parte do software. À partida a parte menos interessante, certo? Errado: a Black Shark não se esqueceu que uma boa parte de um smartphone de gaming é mesmo a capacidade do utilizador para aprimorar determinados pontos da performance do smartphone. Assim, a Black Shark implementou o Gamer Studio para ajustarmos settings do processador, notificações e outros parâmetros, e implementou igualmente o Shark Time, uma ferramenta de inteligência artificial que grava os momentos chave dos jogos para uma partilha mais rápida e fácil. Finalmente, a Shark Key continua a bordo para boost à performance e activação do modo “não incomodar”.
Vamos parar para respirar. Certo. Recuperado o fôlego, a Black Shark começou finalmente a encarar este dispositivo como um ecossistema e anunciou uma capa protectora e um gamepad com controlos XYAB e botões de acção.
Bom, teremos certamente smartphones mais importantes a serem apresentados em Outubro, a começar pelo Xiaomi Mi Mix 3, mas nenhum deles será acompanhado de tantas novidades. Apesar da timidez com que a Black Shark optou por não considera este smartphone uma verdadeira segunda geração, a verdade é que as novidades são bastantes e podemos dizer que o Black Shark Helo representa a maturidade do conceito.
Em termos de preços, a versão com 6GB começa perto dos €450, valor que vai para os €600 para a versão com 10GB. Um preço baixo a pagar pela glória?
[…] que pensam que a segunda geração do Xiaomi Black Shark ficou abaixo das vossas expectativas, apesar de todas as melhorias de fundo, então preparem-se para a chegada de um novo Black Shark, com o nome Skywalker, que será […]