A história já é conhecida: as vendas de smartphones Chineses estão em queda, as vendas de smartphones de qualquer outro continente também estão. Mas em perfeita contra corrente, a Xiaomi surpreende (ou talvez não) e já é a quarta marca mais vendida na Europa, superando mesmo a Nokia.

Segundo a Canalys, as encomendas de smartphones na Europa caíram 6.9% no primeiro trimestre, a maior quebra de sempre num único semestre.

Quem mais sofreu foram as marcas mais tradicionais do mercado, nomeadamente Samsung e Apple, com a primeira a perder 15.44% nas vendas, enquanto a Apple perde 5.1%.

Alcatel, Sony e LG também parecem ter perdido fatias substanciais do seu mercado.

Mas, face a esta queda abrupta das marcas dominantes, há uma clara procura das marcas mais recentes, já que Huawei, Nokia e Xiaomi cresceram de forma expressiva.

Se bem que com um crescimento de 38% a Huawei tenha todos os motivos para se congratular por este percurso alucinante, a Xiaomi configura-se como o maior perigo neste último ano.

Apesar das 2.8 milhões de unidades vendidas serem ainda distantes do melhor do Top 3, a marca Chinesa tem um ano de presença oficial na Europa e encontra-se em menos mercados que as suas principais concorrentes.

Um dos factores para o crescimento da Xiaomi é certamente devido ao seu estatuto de empresa privada, permitindo determinar os seus preços e margens sem interferência dos investidores. Mas há outros factores a considerar.

Novos iPhone não se impõem

Embora continue com uma forte presença de mercado, a Apple mostra sinais de que o seu iPhone começa a perder relevância para os melhores produtos do panorama Android.

Apesar da performance invejável do iPhone X, 25% das vendas da Apple fazem-se via iPhone 6, iPhone 6S e SE, equipamentos com mais de dois anos.

Se bem que a Xiaomi venda hoje ainda extremamente bem equipamentos mais antigos, se observarmos o parque de smartphones da marca à disposição dos utilizadores Europeus, verificamos uma presença maioritária de diapositivos com um ano, ou ano e meio no máximo.

Especificações flagship a preço de saldo

As principais tendências do mercado Europeu incluem os ecrãs altos e os smartphones com 4GB de RAM e câmaras duplas. Para o público em geral, estas características são características de gama alta, e que algumas marcas as consigam oferecer a preços acessíveis aumenta o seu atractivo. Ora segundo a Canalys, empresas como a Xiaomi, Honor ou Wiko têm sido instrumentais para a democratização destas características que marcas estabelecidas reservam para os seus melhores smartphones.

Basta ver como a Samsung tardou em equipar os seus Galaxy com câmaras duplas e ainda assim só os equipamentos mais caros, salvo raras excepções. O mesmo acontece com Sony ou Apple. Pelo contrário, a Xiaomi foi uma pioneira nas câmaras duplas, ecrãs 18:9 e bezel less, muito antes do iPhone X chegar ao mercado por mais do dobro do preço do game changer MIX.

O efeito Internet

A Xiaomi é um caso particular no mundo do mobile. A marca chega ao mercado Europeu oficialmente após vários anos a ser o principal motor de vendas das grandes lojas online. Este percurso permitiu-lhe tornar-se extremamente bem conceituada junto da comunidade mais tecnologicamente desenvolvida, e criar uma forte presença online. Quando chega a Portugal ou Espanha, a Xiaomi já é, por isso, bem conhecida e respeitada.

Face a outras marcas que começam do zero ou de algum modo perderam vapor com a sua presença reiterada, a Xiaomi joga forte com o efeito novidade em conjunto com uma fama que já existe e requer pouco marketing intensivo para se fazer impor.

O grande desafio da Xiaomi será consolidar este crescimento, solidificar a sua imagem junto dos novos mercados e continuar a crescer num mercado que claramente deixou de se expandir para ter ciclos de crescimento e contracção.

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