A Tek Genius terá sido o primeiro blogue tecnológico de língua Portuguesa a perceber que havia algo errado na história de sucesso do Huawei P10, quando detectamos os primeiros relatos de discrepâncias na performance de diferentes dispositivos. Lançado no Mobile World Congress com grande pompa e circunstância, o Huawei P10 parecia agora sob suspeita.

Desde o início, estabelecemos diversas pontes com a Huawei, e procuramos recolher o máximo de informação possível, compreendendo que a situação poderia escalar e ceder às pressões para o sensacionalismo e alarmismo. No momento em que escrevemos, a Huawei encontra-se sob fogo por parte de alguma crítica da especialidade, mas a verdade nunca é tão simples quanto isso.

Este artigo é o resultado do nosso acompanhamento silencioso do caso, e procurará repor alguma factualidade em tudo o que tem sido dito e escrito sobre este assunto específico, salvaguardando em última instância o consumidor. O autor realça que o artigo reflecte a sua experiência, a sua análise e não qualquer filiação com a Huawei. A Tek Geniu não fez parte do grupo de jornalistas presentes em Barcelona e aguarda ainda a oportunidade de tomar contacto com o Huawei P10. Devemos no entanto agradecer à Huawei toda a colaboração e contacto ao longo deste processo, não se remetendo ao silêncio, como outros poderiam ter feito.

Memorygate: a história até agora

Como numa dança bem compassada, a desilusão com a percepcionada deslealdade da Huawei fez-se acompanhar da crença de que comprar um Huawei P10 seria uma lotaria.

O Huawei P10 chega ao mercado com diversas iterações, começando com uma combinação de 4GB de memória RAM e 32GB de memória de armazenamento. Os consumidores generalistas estão habituados a medir estes valores em absoluto: mais memória é melhor, mas nem todas as memórias nascem iguais. As tecnologias são diversas e foi precisamente isso que muitos utilizadores começaram a descobrir.

Se a maioria dos utilizadores compra os seus smartphones e se deixa estar, outros recorrem a benchmarks para quantificar quão boa é a performance dos seus dispositivos. Para os leitores menos versados nesta área, os benchmarks são neste caso uma classe de software que corre diversos exames no dispositivo, medindo diversos parâmetros do seu funcionamento, como a taxa de velocidade de escrita de dados, as frames por segundo de que a placa gráfica é capaz durante um jogo para tornar os gráficos mais fluídos, ou comportamentos diversos da memória RAM.

Estes benchmarks podem ser generalistas, como o AnTuTu, GeekBench ou GFXBench, mas podem ser também especialistas, como o 3DMark que é um especialista no comportamento gráfico do smartphone, ou o AndroBench que analisa o comportamento dos chips de memória.

Foi precisamente neste último que os problemas foram detectados. Como indicamos no nosso artigo inicial, as flutuações de performance eram notáveis, com alguns testes a mostrarem “normais” 700MBps, outros a ficarem-se na zona dos 200MBps, indicando quase certamente a presença de memórias de diferentes tipos e com capacidades muito diferentes. Especificamente, memórias UFS 2.1. ou, alternativamente, memórias eMMC 5.1 de performance significativamente inferior.

O problema ficou apenas mais grave quando análises mais profundas ao hardware detectaram memórias RAM DDR3 ou DDR4X, também aqui tecnologias com potencial de performance radicalmente diferente.

Como numa dança bem compassada, a desilusão com a percepcionada deslealdade da Huawei fez-se acompanhar da crença de que comprar um Huawei P10 seria uma lotaria em que poderíamos acabar com um dispositivo topo de gama, ou um particularmente mais lento. Diversos blogues da especialidade ecoaram esta crença, mas será esta a verdade?

Estivemos em contacto com a Huawei rapidamente obtivemos o seu statement oficial que analisamos e em torno do qual vamos tecer o restante deste texto.

A resposta da Huawei: da cadeia de fornecedores no moderno mundo tecnológico

De modo a obter componentes de melhor qualidade sem ficar dependente de uma única fonte de peças que poderia falhar, gerando atrasos na produção e dificultando a resposta à procura do mercado, a Huawei recorre a diferentes fabricantes para obtenção dos componentes encontrados no Huawei P10.

A Huawei explica igualmente que esta prática segue os normais padrões da indústria, e obedece a critérios de elevada qualidade para garantir que a melhor experiência possível para o utilizador.

  • Quão verdadeira é a afirmação de que a prática é comum?

Praticamente todos os fabricantes de smartphones contam com uma cadeia diversificada de fornecedores, garantindo assim que conseguem obter a melhor relação custo-qualidade. Ao não se comprometerem com apenas um fornecedor, os fabricantes ficam menos vulneráveis a defeitos de fabrico ou escassez de componentes que possam afectar o produto final.

Ao todo, construir um smartphone significa contar com componentes de aproximadamente 30 fornecedores diferentes, incluindo diferentes unidades de fabrico para o mesmo componente.

A maioria dos fabricantes de componentes fornecem a diversas marcas, daí que os preços possam aumentar se ficarem exclusivamente ligadas a apenas um cliente, mas esta situação também complica a produção de componentes em quantidade suficiente para determinado cliente.

Assim, se olharmos para um exemplo típico (o iPhone) será possível encontrar memórias SanDisk ou SK Hynix no seu interior, ou baterias da Sony e da ATL. O consumidor não é avisado destas discrepâncias e os fabricantes fazem as suas escolhas baseados no facto de que as diferenças de performance não serão significativas.

A Samsung também recorre invariavelmente a processadores Exynos ou Snapdragon nos seus modelos de topo, como é o caso do Galaxy S8, e utiliza sensores fotográficos da Sony e próprios para as câmaras.

As diferenças de desempenho entre dois Galaxy com Snapdragon ou Exynos podem ser parcas aos olhos de muitos utilizadores, mas estarão lá.

  • A Huawei não é a primeira marca com componentes discrepantes no mesmo dispositivo.

Em diversas situações, as discrepâncias são apreciáveis. No caso do iPhone 7, a Apple recorreu tanto a modems da Qualcomm, quanto da Intel. Como se veio a verificar posteriormente, o modem da Intel possui um desempenho significativamente inferior ao da Qualcomm, sendo capaz de menor velocidade em rede LTE e obtendo ligações menos estáveis. O modem da Intel será cerca de 30% menos capaz.

A Apple não explicou o porquê da opção, e as especificações técnicas não revelam ao consumidor qual componente o seu dispositivo possui.

Um caso mais extremo das consequências nefastas da diversificação de fornecedores (ou falta de) pode ser encontrada no colapso do Samsung Galaxy Note 7. A Samsung apostou apenas em dois fornecedores, e quando o primeiro fornecedor mostrou ter baterias com problemas de fabrico, a Samsung ficou totalmente dependente do fornecedor que sobrou. Infelizmente para o Note 7, a segunda bateria também tinha defeito de concepção.

Aqui, a diversificação funcionou de dois modos nefastos: por um lado, a Samsung pensou que só um dos modelos de bateria tinha problemas, por outro a diversificação não foi tanta que a Samsung tivesse sido capaz de obter outra solução de fornecimento, forçando o cancelamento do dispositivo.

Em suma, na indústria electrónica é comum a utilização de componentes de diferentes fornecedores, por vezes gerando diferenças de performance em dispositivos do mesmo modelo.

A resposta da Huawei: a gestão das expectativas dos consumidores

No seu statement, a Huawei declara que não está a defraudar os clientes, ao nunca se ter comprometido com a utilização de um tipo específico de memórias.

Esta afirmação tem de ser vista à luz do que os fabricantes geralmente fazem: a Samsung colocou toda a importância em ter recorrido a memórias DDR4 e UFS 2.0 na gama Galaxy S7, garantindo uma performance inigualável no mercado.

Mas podemos olhar para as páginas de produto da maioria dos smartphones à venda e poucas indicarão o tipo de chip que utilizam. Esta informação seria fundamental, já que os valores em absoluto não valem muito: as memórias UFS 2.1 são fundamentalmente diferentes das eMMC 5.1. Graças à capacidade de escreverem e lerem dados ao mesmo tempo, possuem taxas de transmissão de dados mais elevadas que permitirão maior fluidez em tarefas com elevado recurso à memória ROM.

A Huawei não é a primeira marca a ser apanhada nesta guerra entre UFS e eMMC. Em 2016, discrepâncias significativas foram notadas entre o desempenho de escrita/leitura em iPhones 7, dependendo do modelo ser de 32GB ou de 64 e 128GB, suspeitando-se que a Apple estaria a utilizar chips com capacidades diferentes.

Mas a verdade fundamental é que a Huawei nunca publicitou nem indicou aos consumidores que utilizaria memórias UFS 2.1 no dispositivo. A sua presença foi uma expectativa de alguns, não uma promessa dos outros.

  • Os números em absoluto valem pouco, em qualquer telemóvel.

Na página de produto do Huawei não encontramos qualquer referência à utilização de memórias UFS ou eMMC, pelo que neste caso a Huawei está correcta. Não sabemos se as memórias eMMC são o padrão, ou a anomalia, e a presença de memórias UFS em alguns dispositivos gerou expectativas com as quais a Huawei não se comprometeu.

Mas isto ilustra bem o quanto escondem os números que encontramos nas caixas dos smartphones. A maioria dos utilizadores vai olhar para vários smartphones e interpretar que se todos têm 4GB de RAM, todos terão RAM idêntica. Isto não poderia estar mais longe da verdade.

Em sentido estrito, existem inúmeras diferenças entre chips de RAM de 4GB, diferenças que nem caixa, nem fabricante, geralmente mostram.

Estes 4GB de RAM podem ser DDR3 ou DDR4, e podem ter frequências diferentes.

Por exemplo, tanto Samsung quanto SK Hynix já avançaram com o fabrico de chips de 8GB de RAM LPDDR4. A primeira diferença entre eles é que a opção da Samsung foi por uma litografia de 10nm, enquanto a Hynix optou por 21nm. Transístores maiores significam menor eficiência energética, portanto maior consumo da bateria, mas significam também preços mais baixos.

Uma outra diferença existe a nível interno: os chips podem ser de diferentes voltagens, como no caso da SK Hynix, de 1.1V ou 0.6V. Também aqui haverá um impacto em performance e consumo de bateria.

Mas, em última instância, o desempenho de cada chip vai ser amplamente influenciado pelo sistema e pelo software.

A resposta da Huawei: da performance global do Huawei P10

A Huawei rejeita que um benchmark que meça o desempenho específico de um componente possa autorizar conclusões quanto ao desempenho global do dispositivo em utilização quotidiana. Ao mesmo tempo, a tecnológica clarifica que todos os dispositivos são testados para analisar a performance global através de algoritmos e afinação de chips. Em essência, a Huawei diz que não importa que um determinado componente seja mais ou menos potente: no todo, os P10 funcionam do mesmo modo entre si.

  • O todo não é igual à soma de todas as partes

Isto não é diferente de como dois pilotos da mesma equipa afinam o seu Fórmula 1 idêntico de modo a ambos chegarem à meta à frente dos restantes veículos, e por mais que variem em aceleração, velocidade de ponta, travagem e raio de viragem, facilmente a congregação de diferenças em todos estes elementos gera um resultado final idêntico.

O fabrico de um smartphone não passa somente pela montagem dos componentes. Após esta fase, todo o conjunto deve ser calibrado e testado. O todo é mais do que a soma de todas as partes e alguma flutuação é expectável para explicar como diferentes dispositivos podem obter pontuações diferentes num benchmark.

Quando a Huawei indica que a análise de um componente específico não reflecte a performance total, está correcta: a velocidade de leitura/escrita de uma memória é apenas um factor num sistema que engloba igualmente o processador e a RAM e o modo como os três componentes recebem e processam comandos.

Os técnicos da Huawei (como os técnicos de todas as restantes marcas) podem facilmente pegar nos componentes base e ajustar valores como as frequências máximas, as curvas de resposta, ou o seu comportamento em situações específicas, de modo a que o comportamento seja relativamente idêntico, mesmo que muitos componentes variem, inclusivamente em capacidades.

O sistema completo pode ser programado para reagir de modos diferentes conforme a situação em que está a ser utilizado. Por diversas vezes, vários fabricantes foram inclusivamente acusados de falsificar o comportamento dos dispositivos, criando mecanismos que extraem maior performance quando um benchmark é detectado, sem que as pontuações obtidas reflictam efectivamente o uso quotidiano.

Isto não é diferente de como dois pilotos da mesma equipa afinam o seu Fórmula 1 idêntico de modo a ambos chegarem à meta à frente dos restantes veículos, e por mais que variem em aceleração, velocidade de ponta, travagem e raio de viragem, facilmente a congregação de diferenças em todos estes elementos gera um resultado final idêntico.

Ou seja, mesmo que todos os smartphones do mundo utilizassem o mesmo processador, cada fabricante poderia alterar uma série de parâmetros para dar ao chip maior aceleração ou maior velocidade de ponta, ou para activar os núcleos extra com menor ou maior tolerância da carga imposta. A potência tem um impacto directo no consumo da bateria, por isso mesmo que um determinado chip de RAM possa atingir um determinado valor de ciclos, muitas vezes os fabricantes optam por os limitar abaixo desse plafond, para evitar aquecimento ou consumo energético excessivo.

  • A questão fundamental: as diferentes memórias no Huawei P10 afectarão a performance quotidiana e a experiência do utilizador?

Quase certamente que não.

É um dado adquirido que uma memória UFS 2.1. tem uma capacidade de escrita/leitura que pode ser três vezes à de uma memória eMMC 5.1, mas na realidade este é um valor absoluto. O trio ROM-RAM-Processador pode ser adaptado para melhor atenuar qualquer diferença, de modo a que o conjunto dos diferentes componentes seja praticamente idêntico.

Por mais que as memórias UFS sejam mais rápidas, a taxa de escrita/leitura no armazenamento tem o potencial para não afectar significativamente a performance de um telemóvel, já que inúmeras tarefas estão mais dependentes do processador e da RAM, que da ROM.

Mas há outro facto incontornável: a maioria das tarefas quotidianas não excede as capacidades de nenhum tipo de memória.

Por exemplo: nas imagens que já publicamos, a maior discrepância era na velocidade de leitura das memórias, mas no caso da taxa de escrita sequencial, as memórias UFS obtinham cerca de 150MBps, as eMMC obtinham aproximadamente 100MBps.

Talvez a tarefa mais intensiva que possamos fazer hoje num smartphone em termos de fluxo de dados seja a gravação de vídeo 4K. A resolução exige uma colossal capacidade de escrita de… 30MBps.

Outra tarefa intensiva em termos de escrita na memória é o download de dados. Ora o Kirin 960 possui um modem LTE UE Category 12/13 com taxas de transferência até 600Mbps, portanto 75MBps, muito abaixo dos limites de resposta das memórias eMMC.

Uma situação onde a velocidade de escrita se torna crucial é na transmissão de dados entre a memória interna e outro dispositivo, seja este um cartão SD ou o nosso computador. Ora, o padrão USB-C permite taxas de transferência de 125MBps, isto assumindo que temos um dispositivo de origem capaz dessa velocidade.

E quanto aos cartões microSD? Os microSD de Classe 10 são capazes de uma taxa de 10MBps, enquanto os mais potentes (e caros) V90 específicos para vídeo atingem taxas de 90MBps. Portanto, mesmo uma memória eMMC será raramente incapaz de aguentar tarefas normais de utilização.

Muitas tarefas quotidianas retiram o peso ao armazenamento e concentram-no na calibração entre CPU, RAM e ROM, criando uma performance que será quase indistinta entre dispositivos. A memória física de armazenamento raramente será o factor mais limitador.

  • O facto incontornável: as diferentes memórias não afectam o desempenho global do Huawei P10

O Androbench parece contradizer-nos, mas apenas mostra que existem dispositivos que, quando submetidos a testes específicos de utilização do armazenamento interno, obtêm pontuações bem diferentes.

Mas porquanto muitos meios de comunicação interpretaram isto como directamente impactante no desempenho global, são os próprios benchmarks que desmentem o alarmismo.

No Geekbench, os resultados para o Huawei VTR-L09 são praticamente idênticos entre si em termos de desempenho do processador e memória RAM. As discrepâncias não são particularmente significativas. Esta afirmação pode, no entanto, ser feita às custas das capacidades dos chips UFS e DDR4: aqueles presentes não estarão a ser, certamente, utilizados no seu máximo potencial.

Há, ainda assim um potencial ponto de risco para a Huawei: ao adoptar um modelo de fabrico aleatório sem combinação propositada de componentes, a Huawei pode – em teoria – acabar com um Huawei P10 que combina memórias DDR3 com eMMC 5.1. colocando-o numa situação de clara desvantagem face aos restantes dispositivos da série.

Esta possibilidade permanece por se verificar.

Conclusão

Em momento algum a Huawei agiu de má fé ou colocou em causa a elevada qualidade do produto que vende aos utilizadores.

Longe do fumo da confusão e discórdia, não parecem existir indícios de que a Huawei tenha tentado de algum modo ludibriar os consumidores e vendido gato por lebre, por exemplo criando condições ideais para desempenho sob análise de benchmarks, ou publicitando um componente para utilizar outro.

A prática da combinação de componentes de diferentes fornecedores, é generalizada na indústria e tivemos a oportunidade de encontrar alguns exemplos que mostram não só a heterogenia do que podemos encontrar dentro de um smartphone do mesmo modelo, mas igualmente a possibilidade de discrepâncias notáveis entre esses diferentes componentes.

Mas nesses exemplos, tal como no caso do Huawei P10, as discrepâncias não se deverão reflectir seriamente em contexto diário. Repetimos que ainda não tocamos num Huawei P10 e não podemos afirmar-nos como defensores das suas virtudes ou performance. De facto, os benchmarks mostram o P10 como um dispositivo potente, mas a alguma distância de dispositivos como LG G6, Samsung Galaxy S8, ou mesmo o Mate 9.

Efectivamente, qualquer que seja o teste, o Huawei Mate 9 distancia-se a mostra ser o mais potente e capaz Huawei de sempre, rivalizando mesmo com dispositivos mais recentes. Ninguém o poderia explicar melhor que Richard Yu: o Huawei Mate é o flagship de performance máxima da Huawei, e o Huawei P10 é o flagship para o consumidor que procura maior estilo e design. Ninguém questiona que um smartphone com memórias DDR4 e UFS 2.1. terá o potencial para ser muito mais rápido que um com memórias eMMC 5.1.; a questão é que esse não foi o smartphone que a Huawei quis criar.

Em suma, o Huawei P10 não foi desenhado nem pensado para a máxima performance, portanto não foi pensado para utilizar memórias UFS e RAM DDR4, ainda que as use. O seu foco é o estilo e personalidade, onde conquista pontos sem qualquer reserva.

Face a isto, a presença de componentes de maior capacidade em alguns dispositivos não pode ser considerada a configuração base ou principal do dispositivo. Quanto às abismais diferenças de performance que muitos apontam, essas baseiam-se apenas num componente e não existem de momento quaisquer evidências de que possa existir qualquer tipo de vantagem ou desvantagem para qualquer utilizador, dependendo da combinação de componentes que encontre no seu telemóvel.

A nossa convicção, analisando os precedentes noutros dispositivos e conhecendo o que é a cadeia de fornecedores no mundo tecnológico, é que em momento algum a Huawei agiu de má fé ou colocou em causa a elevada qualidade do produto que vende aos utilizadores.

A Huawei deverá, no entanto, ter extremo cuidado com o modo como gere esta situação e contacta a opinião pública. Para leigos e para o consumidor, a mera ideia de que um fabricante utiliza peças diferentes no mesmo dispositivo pode dar todo o tipo de sinais errados. A Huawei pode ter agido correctamente, mas o desafio de relações públicas ainda é de monta.

De seguida, reproduzimos o comunicado da Huawei na íntegra:

“We are aware that there has been some recent online discussion in China regarding the flash memory in HUAWEI P10/P10 Plus.

Huawei employs the highest standards when selecting technologies and components for use in its products; we prioritize user experience, product quality and stability of supply. The HUAWEI P Series of smartphones is one of the company’s global flagship series and has become hugely popular worldwide, thanks to the excellent photography experience it provides. This popularity has led to enormous demand.

To meet global demand of millions of units, Huawei has employed the standard industry practice of sourcing solutions from multiple trusted suppliers to ensure a balance between user experience, quality and sustainable supply. Relying on a single component supply can lead to a shortage, meaning delays for consumers who wish to buy our new products. In the case of flash memory, in this instance, Huawei has chosen multiple simultaneous mainstream solution suppliers.

Huawei is and always has been, above all, committed to providing an extraordinary user experience. The performance of a single component can’t exactly reflect the overall system performance of a smartphone and these scores are not applicable in actual use scenarios.

Among all HUAWEI P10 marketing collateral, there has been no commitment to the use of only one specific flash memory. Different flash memory components are shipped randomly based on the supply at that time. There are no period batches or manual selection for chip batches, nor is there any discrimination or intention to defraud to consumers. Our approach is to measure the overall performance of our phones through software algorithms and chip tuning, rather than to focus on any single component.

In the HUAWEI P10/P10 Plus, we use multiple different suppliers for flash memory, which have been subject to strict and rigorous testing as part of our finished products, so as to ensure the excellence and consistency of user experience that we strive for. This has been reflected in the overwhelmingly positive worldwide response to the HUAWEI P10 since its launch, thanks to its beautiful design and the stunning artistic portrait photography experience it delivers.

Smartphone manufacturing is an industry with a very long supply chain. Huawei is committed to making the user experience the core factor in product design and innovations. We will continue to work closely with our partners to optimize the industry ecosystem and deliver even better products and experiences to consumers.”

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