Nokia 8 oficial a 16 de Agosto, mas o que precisa este dispositivo para vencer?

A HMD Global começou a enviar convites de imprensa para o dia 16 de Agosto, sendo a expectativa de que este seja o dia da oficialização do Nokia 8, aquele que será o primeiro premium da renascida Nokia. A ocasião permite à Nokia chegar à IFA de Berlim já com um dispositivo pronto e em plena promoção, enquanto sobressai da massa de marcas que utilização o certame Alemão para fazer os seus anúncios.

Entretanto, muitos rumores e fugas de informação têm revelado uma boa parte do Nokia 8. A questão fundamental é esta: do que precisará o Nokia 8 para se impor aos seus principais concorrentes do segmento de gama alta?

• A Nokia Android até agora

A Nokia possui no mercado três dispositivos: o Nokia 3, Nokia 5 e Nokia 6. Os três fazem um excelente trabalho de segmentação da marca, com o Nokia 3 a ser o mais modesto e a colocar-se firmemente na gama baixa. Entretanto, o Nokia 5 está bem colocado entre este dispositivo e o mais completo Nokia 6, apresentando um chip pouco potente, mas características interessantes como uma construção avançada em metal e leitor de impressões digitais.

Os três dispositivos têm sido bem recebidos pelo público, graças em boa parte à mística da Nokia, mas igualmente devido ao design interessante que os três colocam em terreno. Mas alguma imprensa tem vincado bem que o hardware de ambos os dispositivos é pouco surpreendente e pouco performante.

Ora estes dispositivos possuem características sensivelmente semelhantes aos restantes dispositivos da mesma gama de preço disponíveis no mercado e excluindo os smartphones Chineses comprados online que – por diversos motivos – não são uma comparação justa. O maior perigo para a Nokia é então as expectativas excessivas, não só do público, mas principalmente da imprensa especializada que por vezes se esquece de abandonar as suas próprias expectativas.

Face a isto, o Nokia 8 terá de surpreender e dar excelentes indicações a ambos os universos de indivíduos se quiser impor-se no mercado e ser o sucesso de que a Nokia precisa para se colocar firmemente neste mercado altamente concorrencial. E como pode o Nokia 8 cumprir aquilo que precisa ser?

• Câmaras de qualidade incontestável

É uma marca que a Nokia sempre teve: as câmaras de elevada qualidade da ZEISS foram, durante muitos anos, um ponto fundamental para as vendas da Nokia que se encontra entre as pioneiras da fotografia móvel. É justo dizer que as câmaras dos actuais Nokia não desiludem, mas também não deixam saliva na boca: o Nokia 8 necessitará de surpreender e afirmar a Nokia como uma marca a levar a sério para os amantes da fotografia móvel.

Em boa parte, o carimbo da ZEISS nas câmaras duplas do Nokia 8 elevará a fasquia das expectativas. Resta saber o que fará a Nokia para que o resultado final seja equivalente em termos de qualidade de imagem: de minha parte espero não só bom detalhe, exposição e qualidade geral, mas igualmente uma app comparável às de Samsung, LG, Huawei e mesmo da Espanhola BQ, que é das melhores na sua gama de preço.

A pior coisa que acontecerá à Nokia será ir pelo caminho da Sony, com boas câmaras e app incompleta;

• Prestações de destaque

Nenhum dos Nokia actuais parece particularmente fabuloso em termos de prestações. Estas são justas para a sua gama de preço e para o hardware a bordo, mas pela altura em que o Nokia 8 chega ao mercado tem de enfrentar diversos dispositivos com o Snapdragon 835. Estes dispositivos chegam de fabricantes de renome, com boa presença no mercado, e o Nokia 8 terá dificuldade em justificar os pontos onde se diferencia.

Espera-se que o Nokia 8 possua um ecrã pelo menos FHD, e chegue com o Snapdragon 835 com 4GB ou 6GB de armazenamento interno. Não há por isso dúvidas de que o dispositivo terá boas especificações no papel.

No entanto, o hardware é somente um ponto entre muitos os que vão decidir as prestações do dispositivo, por isso a Nokia terá de apostar forte em optimização, de modo a que o Nokia 8 consiga ter uma performance equivalente a dispositivos como o Xiaomi Mi 6, Samsung Galaxy S8 ou Huawei P10, no mínimo.

• Design apaixonante

O design é um ponto de destaque na Nokia actual e, no caso do Nokia 5, não tenho qualquer problema em dizer que será o melhor design na sua gama de preço, a par com o que é uma qualidade de construção muito interessante e plenamente ao nível de dispositivos mais perto dos €400.

Mas a questão é mesmo esta: o Nokia 8 deverá custar cerca do dobro do Nokia 5 e estará a enfrentar dispositivos que, em 2016, apresentam designs e construções extremamente interessantes e evoluídas. Entretanto, tudo aquilo que já vimos do Nokia 8 aponta para um estilo geral idêntico aos do Nokia 5 e Nokia 6, que poderão ser fabulosos para uma gama de preço, mas com um valor de venda mais elevado requerem certos refinamentos.

Os indícios mais recentes parecem mostrar o Nokia 8 com um acabamento metálico altamente espelhado, que ao vivo poderá fazer uma boa impressão e ser suficiente para se destacar do Nokia 5. Se este último pode ser encontrado a partir dos €230 mas parece um dispositivo de €300 e picos, o Nokia 8 não pode dar-se ao luxo de ser um dispositivo de €500 e parecer um de €400. Ou pode?

Tudo dependerá das prestações: se o Nokia 8 for um hot rod de design prático, poucos irão levar-lhe a mal.

• Características diferenciadoras

Infinity Display, assistente virtual, emissor infravermelhos, ecrã de grande resolução, HDR, com margens mínimas, sensível à pressão, áudio de alta resolução, Bluetooth 5, e muito, muito mais.

Estas são algumas das características com que os smartphones se procuram distinguir dos concorrentes num mercado cada vez mais difícil. Se considerarmos as câmaras ZEISS como diferenciadoras, então o Nokia 8 terá um grande trunfo em mão, inquestionavelmente.

Mas seria ideal que o premium da Nokia possuísse algo extra que lhe desse um elemento diferente e de valor acrescentado face à concorrência. No entanto o Nokia 8 parece pouco virado para chegar ao mercado com pouco mais no campo da diferenciação.

Será o mercado a decidir se isto será uma omissão importante face à natureza quase nórdica do Nokia 8 como utilitário de alta eficiência.

• Preço competitivo

Os principais concorrentes do Nokia 8 encontram-se hoje em dia à venda por volta dos 600€, mas o preço mais adequado para o Nokia 8 será sem dúvida perto dos €500, caso se confirme o nosso palpite de um smartphone utilitário, não particularmente revolucionário. É neste segmento de preço que encontrará portentos como o Huawei P10 e Honor 9, mas terá inúmeras vantagens sobre LG G6 ou Samsung S8 que têm – cada um à sua maneira – características premium que o Nokia 8 não parece mostrar sinais de possuir, como o ecrã HDR ou Infinity Display.

Os preços dos actuais Nokia são razoáveis, mas não apresentam nada de particularmente competitivo. O Nokia 8 deverá contrariar um pouco essa tendência, já que à medida que a realidade se impor, mais os preços deverão reflectir o mercado, e menos o enorme apelo da marca e a ansiedade dos consumidores pelo seu regresso.

Agora a pergunta fica do teu lado: o que terá o Nokia 8 de possuir para te convencer?