Os smartphones foldable falharam até ver. O Samsung Galaxy Fold está ainda adiado, e o Huawei Mate X não deve chegar antes de Novembro. Mesmo quando chegarem ao mercado, estes serão dispositivos de primeira geração, com as suas falhas e vulnerabilidades. Até estas serem resolvidas, o mercado não abunda com ofertas de ecrãs duplos, ou smartphones dobráveis. A ideia da LG foi ser prática, pragmática mesmo: se a tecnologia não está ainda no ponto, a melhor alternativa é um segundo ecrã clássico que seja meramente opcional e não tenha um custo oneroso para o cliente. E a experiência promete ser muito mais interessante do que muitos imaginam.

LG V50 ThinQ 5G: um desígnio estilítico

O LG V50 ThinQ é um hino ao design minimalista e acabamentos refinados. O terminal não tem altos e baixos, nem grandes elementos que sobressaiam à primeira vista. Antes, é constituído por dois painéis de vidro sem interrupções, assentes numa moldura de alumínio de acabamento exemplar.

O LG colocou a tecla de bloqueio do lado direito, enquanto as teclas de volume e de acesso ao Google Assistant se encontram à esquerda. São os únicos altos do V50. As câmaras, que muitas marcas colocam em módulos repetitivos em forma de pílula, encontram-se neste caso sob a grande proteção do Gorilla Glass do painel traseiro sem qualquer alto ou desnível. Tudo isto contribui para uma robustez certificada por testes MIL-STD-810G, significando que o dispositivo é capaz de suportar condições de transporte militar até à linha da frente, e acrescentando proteção IP68 contra poeira e resistência à água.

O ecrã está plenamente rodeado pela moldura de metal, sem se destacar e, por isso, mais protegido contra embates. Todos os elementos se encaixam perfeitamente, com remates irrepreensíveis. O look final é profundamente institucional, talhado para a área empresarial, mas igualmente muito confortável na mão. Para todos estes atributos, o LG V50 ThinQ 5G é extraordinariamente modesto.

Dois ecrãs, muitas ideias

O LG V50 é um dos smartphones excitantes deste ano, e as reações deste lado têm sido de enorme curiosidade. A presença de dois ecrãs é quase alienígena e muitos não se dão conta que “isto” existe no mercado. Falo do segundo ecrã, claro. É uma abordagem muito pragmática à moda dos smartphones dobráveis, com a vantagem de ter chegado ao mercado quando os verdadeiramente foldable teimam em se atrasar.

O conceito funciona com uma capa que contém um ecrã extra, e na qual o V50 é inserido. À primeira vista, esta capa é muito semelhante às que podemos adquirir para proteger o smartphone: de um lado, a cobertura envolve o V50 nas laterais e traseira, deixando um único recorte na face traseira para revelar as câmaras e o leitor biométrico.

Do outro lado temos então o segundo ecrã. Este acrescenta mais uns 3mm à espessura do V50. Parece demasiado, mas não dista particularmente do que observamos com uma capa protetora normal.

De resto, o acabamento deste módulo é muito convincente. É sólido e bem rematado, além de bem pensado, já que permite utilizar facilmente o ecrã secundário, ou o smartphone de forma independente. A conexão não tem impacto ao recorrer a três conectores na traseira do smartphone, não impedindo nenhuma porta ou funcionalidade.

Abordo este segundo ecrã com o pragmatismo de quem lamenta que a LG tenha deixado cair a modularidade do G5 (ainda estou magoado, LG). Esperava francamente uma experiência muito crua, mas a implementação está mais madura do que imaginam: da experiência limitada até agora, o segundo ecrã pode ser facilmente utilizado para:

  • jogarmos com o controlador virtual da LG,
  • usar um dos ecrãs como teclado
  • utilizarmos duas apps em simultâneo.

Gosto de estar a ver vídeos de música enquanto leio as minhas revistas ou navego na Internet? Sim, muito. Gosto de jogar Asphalt 9 com o controlador? O feedback está excelente!

Na maioria das situações não há muito a apontar: embora necessite de refinamento e mais compatibilidade, o segundo ecrã é uma mais-valia já neste momento.

Funcionalidades e performance

Tanto para falar, tão poucas linhas.

O LG V50 ThinQ não tem falta de funcionalidades para o utilizador final. Num mercado onde muitos smartphones apostam a sério no look espampanante, o V50 desaparece algo na sua discrição, mas não podemos ter dúvidas de que este é um terminal de gama alta em tudo.

O processamento fica a cargo do incontornável Snapdragon 855 e teremos ao nosso dispor 6G de RAM e 128GB de armazenamento interno, expansível com cartões microSD até 1TB. A performance é – até agora – irrepreensível. Temos um processador potente a bordo e nada falha em termos de resposta do sistema a solicitações pesadas.

Do ponto de vista do áudio, a presença de altifalantes estéreo é sempre um ponto a destacar, embora preferisse que ambos fossem frontais. Antes, a LG recorre a uma solução mais pragmática, colocando um altifalante na base e um segundo no auscultador. O que está por dentro é talvez mais importante: um Quad DAC de 32 bits Hi-Fi, além de DTS Surround, e tecnologia Boombox. Esta última significa que o espaço interno do V50 é utilizado como caixa de ressonância para melhorar a qualidade do áudio em alta-voz, e o resultado tem sido surpreendentemente positivo. Mas, liguem os auscultadores ao jack de áudio, e a potência do DAC faz-se sentir muito claramente: o volume dispara, os graves ribombam, e se ao mesmo tempo activarem o DTS:X 3D Surround, esqueçam tudo o que as marcas geralmente apregoam sobre o áudio.

Isto é a sério. Isto é a LG a fazer o que faz de melhor. O ganho em separação dos canais e detalhes recuperados para ouvirmos realmente o que se passa na música é obsceno.

Entretanto, o ecrã principal apresenta resolução 2K. Se juntarmos o segundo ecrã FHD, temos dois ecrãs a drenar a bateria, mas os 4000mAh disponíveis até agora não parecem ressentir-se particularmente. A autonomia é suficiente para um dia de utilização intensa, mas ganha certamente se não usarmos o segundo ecrã.

Como tudo no V50, o departamento fotográfico é muito melhor do que a discrição poderia levar-nos a pensar. Sob aquele painel traseiro, sem altos ou saliências, escondem-se duas câmaras de 12MP, uma das quais para zoom 2X, ambas com estabilização óptica de imagem, característica que é uma mais-valia, principalmente nas teleobjetivas. Uma terceira câmara grande angular apresenta 16MP de resolução. À frente, duas câmaras de 8MP estao lá para as selfies solitárias, ou em grupo.

Não pude até agora realmente puxar por estas câmaras, mas a LG é tradicionalmente uma marca com fotografia de topo. Veremos se sim em breve!

Ah: como a luz azul que pisca frequentemente no painel traseiro com “5G” nos pode indicar (se o nome não o faz), o LG V50 é dos poucos dispositivos já com 5G no mercado. Faltam as operadoras!

Veredito inicial

A gama LG V sempre foi excitante e arriscada. Se bem que o meu favorito continue a ser o já distante e inconfundível LG V10, o LG V50 ThinQ 5G é um exercício de imaginação e valor acrescentado. Como dispositivo autónomo, o V50 tem todas as características expectáveis num topo de gama, da autonomia às câmaras avançadas.

Mas, depois, temos o segundo ecrã, transformando-o num inesperado colosso para multitasking e produtividade. Com o equipamento ainda “novo” no mercado, é fácil constatar que a LG não quis lançar um produto imaturo, e muito do potencial do segundo ecrã já mais do que justifica a sua aquisição para quem souber tirar proveito dele. Um dos mais promissores smartphones do ano, o LG V50 ThinQ 5G é o smartphone empresarial de que não desconfiavam e o smartphone de gaming que nem sabiam existir.

Fiquem connosco para ver até onde o LG V50 cumpre a promessa inicial!

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