Se um Windows PC com Snapdragon 835 é algo que sempre quis, o seu desejo está quase a realizar-se. O primeiro PC deste género já há muito que se encontra mais ou menos anunciado como uma realidade, mas até agora não surgiu nenhum fabricante com um produto concreto. Ora, segundo a Qualcomm, será já no quarto trimestre que o mercado receberá o primeiro (ou primeiros) Windows PC de arquitectura ARM, com Snapdragon 835, abrindo uma nova era na computação.

A mudança é extremamente importante para a Microsoft e para o seu sistema operativo, que estiveram até agora fundamentalmente presos à arquitectura x86 da Intel. O Snapdragon 835, no entanto, ao ser concebido para equipamentos móveis, permitirá integrar no PC um conjunto de características mais facilmente encontradas nos smartphones, como a ligação à rede de dados, além de características energéticas muito interessantes.

Computadores sempre ligados à rede via eSIM

O maior problema dos computadores actuais é a falta de espaço para integrar conectividade com redes de dados. Os chips utilizados simplesmente não possuem as capacidades para tal, e os fabricantes devem colocar novos componentes nos PC’s, nomeadamente modems e conexões para um cartão SIM que será fundamental para nos ligarmos à Internet.

Com a integração do Snapdragon 835 e outros chips móveis, os computadores terão mais do que um processador, um System On Chip, e estes incluem já um modem integrado. No caso do Snapdragon 835, trata-se de um modem de categoria 16 que permite velocidades de 1Gbps. Ora, isto invalida a necessidade de integrar novos componentes nos computadores?

Sim, porque quando os computadores Windows 10 tiverem um Snapdragon 835 a bordo, deixaremos de necessitar de cartões SIM físicos. Em vez disso, os computadores terão eSIM integrados, especificamente cartões SIM virtuais que poderão mudar de operadora com uma simples alteração das credenciais, ligando qualquer PC à rede 4G ou 5G sem qualquer componente adicional.

Maior potencial para a realidade virtual e realidade aumentada

Os chips utilizados em smartphones, porquanto sejam menos potentes e compactos face aos chips encontrados em computadores, utilizam uma menor voltagem e permitem uma utilização durante mais horas. O potencial não é apenas para utilização prolongada em produtividade ou em multimédia, mas também em aplicações de realidade virtual e realidade aumentada.

Os primeiros headsets de realidade aumentada feitos em parceria entre Microsoft e as principais OEM já foram anunciados na IFA de Berlim, e a verdade é que no mobile o Snapdragon 835 já mostrou que é capaz de lidar com tarefas intensas de realidade virtual. Agora ambos poderão juntar-se numa plataforma com maior disponibilidade, graças à elevada eficiência energética dos chips Qualcomm.

Windows completo em qualquer lado

Uma outra mudança muito importante é o suporte para aplicações legacy. Os dispositivos Windows móveis não conseguem correr aplicações desktop, e as aplicações legacy em x86 não correm em arquitectura ARM. Mas com a conversão do Windows para compatibilidade completa com arquitectura ARM, as aplicações mais antigas que muitas empresas e negócios ainda utilizam poderão ganhar uma nova vida, juntamente com os smartphones Windows, que serão doravante menos limitados.

Não podemos saber se isto servirá para ressuscitar de algum modo os Windows Phones que a Microsoft parece ter abandonado, mas há a possibilidade para o fazer, pelo menos a nível empresarial. Certamente que desaparecem muitas vantagem que o Android possa ter em ARM, face a um Windows tradicionalmente compatível na sua totalidade apenas com x86.

O problema que a Microsoft terá que enfrentar aqui são os emuladores com que as apps legacy correrão neste novo Windows em ARM, e que poderão gerar sempre alguma lentidão extra.

Existem obviamente outras possibilidades, como equipamentos verdadeiramente dual boot, já que tanto Android quanto Windows serão capazes de correr sem problemas numa arquitectura de processador idêntica, mas fundamentalmente teremos estas alterações em mãos sem decréscimo notável de capacidades no nosso computador.

No entanto, as declarações da Qualcomm à margem da IFA 2017 ainda não clarificam especificamente quando o primeiro destes dispositivos estará pronto. Quando estiver, compraria um?

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