Desde 2016 que se tem falado mais ou menos intensamente da chegada de computadores Windows com Snapdragon 835, representando uma verdadeira revolução no mundo dos computadores. Se até agora os chips para smartphones e para computadores têm estado isolados em universos bem diferentes, a verdade é que o Snapdragon 835 já mostrou ser capaz de executar programas complexos e o potencial está lá para computadores hiper portáteis.

Em Setembro já tinha mencionado algumas das possibilidades que os PC com arquitectura ARM trariam para cima da mesa. Na altura destaquei a duração extra da bateria, mas as minhas expectativas podem bem ter sido excedidas.

Em entrevista ao ZDNet, Pete Bernard, responsável pelo desenvolvimento do Windows na Microsoft, contou um peculiar episódio sobre o que aconteceu quando entregaram diversos dispositivos de testes a programadores e responsáveis do program. Rapidamente começaram a receber relatórios de bugs apontando para indicadores de bateria que não pareciam alterar-se com o tempo.

Não eram bugs. Graças ao seu diminuto tamanho e pouca quantidade de energia que consomem, o Snapdragon 835 pode manter estes computadores em preparação a funcionar durante um dia inteiro sem necessidade de carregamento. Afinal, se geralmente falamos de um smartphone aguentar um dia inteiro de carga com utilização moderada, imaginemos o que poderá acontecer com uma bateria tradicional de portátil, com muita mais carga disponível.

A revolução da bateria trará consigo outro ponto importante, que é a conectividade. Tal como também já tinha mencionado, os chips como o Snapdragon 835 já incluem os seus próprios modems para a rede de dados, e em 2018 ou 2019 já teremos modems 5G operacionais. A economia de bateria em conjunto com baterias de grande capacidade significará um mundo de computadores conectados em todo e qualquer momento, sem problemas de indisponibilidade.

Não serão só milagres

Parece óbvio que é uma boa ideia colocar chips de arquitectura ARM em corpos PC tradicionais, pelo menos se olharmos para a performance que conseguem os chips de topo. No entanto não é algo assim tão simples.

O Snapdragon 835 será o processador mínimo com que um Windows PC poderá correr. Para obter a performance de topo que possui, o Snapdragon 835 é um chip extraordinário e complexo,mas igualmente caro. Ninguém sabe ao certo quão caro, mas mais caro que chips típicos dos computadores de gama de entrada; só quando os benchmarks começarem a chegar é que teremos certezas, mas o mais potente chip da Qualcomm está mais perto de um Atom dual core que de um Core i7 em termos de performance. Ou seja, falamos de computadores que não serão geniais em termos de capacidades e desempenho.

Uma grande vulnerabilidade destes equipamentos é a RAM. O Snapdragon 835 está limitado a 8GB de RAM, um valor limitado a todos os níveis. Se será possível ampliar esta capacidade em processadores futuros, é certo que sim, mas com custos elevados que irão impor grande pressão nas linhas de fabrico. Entretanto, os chips tradicionais continuarão a poder integrar 16, 32, 64 ou mais GB de RAM, mantendo uma vantagem apreciável.

Tudo somado, o chip que hoje em dia corre nos nossos smartphones de 600 a 1000 Euros terá uma performance relativamente perto de computadores de 300 Euros. Será isso suficiente para muitos e terá o preço certo?

Quando teremos um PC com chip ARM?

Essa é a pergunta difícil. Pessoalmente, estava convicto que o primeiro chegaria ainda este ano, mas é possível que não o faça. No entanto, parece que o processo de colocação no mercado destes dispositivos está nas fases finais e não envolve somente a Microsoft, mas um amplo conjunto de OEM que poderão criar PCs ARM a breve trecho.

 

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