Com um Snapdragon 855 bem munido de RAM e uma bateria generosa de 4000mAh, além de três câmaras principais muito capazes, o LG V50 é um topo de gama de direito próprio. Mas, apesar de tudo, este não é um smartphone normal: numa era em que os smartphones de ecrã flexível tardam em amadurecer, o LG V50 apresenta a possibilidade de acrescentarmos um segundo ecrã carregado de truques para melhorar a nossa experiência de utilização, e oferecer ferramentas de produtividade únicas no mercado.

 

Como funciona o segundo ecrã do LG V50

Acima de tudo, o LG V50 ThinQ 5G é um smartphone topo de gama, equipado com fundamentalmente todas as especificações que se espera do seu segmento de preço. Nesta configuração clássica, pode ser utilizado como qualquer smartphone. O seu grande truque consiste nos três conectores no painel traseiro.

Via estes conectores, o LG V50 liga-se a uma capa rígida externa que não só o protege como uma capa normal, mas acrescenta um segundo ecrã, ligeiramente mais pequeno. Embora a capa tenha um exterior brilhante e engane bem, não há um ecrã secundário no exterior, levando à necessidade de abrir o smartphone para vermos notificações. Caso contrário temos apenas uma luz de notificações intermitente.

A solução da LG significa que o ecrã secundário vai utilizar a bateria do smartphone, acarretando uma menor autonomia. Não há nada a temer: podemos manter um dos ecrãs desligados sempre que quisermos e a vantagem da implementação é que não temos que ter na cabeça ligar o segundo ecrã à corrente, para o carregar.

O ecrã propriamente dito é algo mais pequeno que o ecrã principal: 6.2 polegadas vs 6.4 polegadas, e enquanto o ecrã principal tem resolução 2K, o secundário apresenta resolução FHD+. Apresenta ainda um rácio de aspecto algo inferior, especificamente 18.7:9 contra 19.5:9.

Em termos de software, existe um menu específico para o dual screen, e uma pequena tab lateral posicionável, que nos permite seleccionar várias opções, como trocar os conteúdos de um ecrã para o outro, ou desligar um dos ecrãs.

 

Uma competente plataforma de gaming

Uma solução arrojada que a LG implementou no V50 é um controlador OLED, por outras palavras, um controlador virtual no ecrã principal.

O controlador é iniciado a partir do segundo ecrã, no ícone próprio, e ativa-se no ecrã principal. Configuração adicional é a ativação ou desativação da vibração. Os utilizadores podem ainda escolher quatro controladores. Um simula a estrutura de uma consola normal, um segundo apresenta um volante, o terceiro simula das arcadas clássicas, e um último tem basicamente teclas direcionais.

Chave para o sucesso de uma tal implementação é um bom motor háptico, e aqui o LG V50 é irrepreensível, com um motor de vibração que fornece um feedback bastante semelhante ao que esperamos de um controlador.

Mas, a outra chave é inquestionavelmente a compatibilidade com jogos populares. Aqui, a experiência foi agridoce. Por um lado, quando funciona corretamente, jogar com o controlador é muito mais divertido, por outro muitos jogos não estão realmente pensados para um controlador.

A Gameloft é a que melhor tira proveito do controlador da LG: Asphalt 9, ou AsphaltX jogam-se deliciosamente com o controlador, seja na sua variante com volante, seja no emulador de consola. Quanto a Gear.Club, da Eden Games, os resultados são mais difíceis de obter, mas conseguem-se, enquanto o popular Real Racing 3 tem apenas suporte parcial para o controlador.

Passando aos shooters, tive algum sucesso com Shadowgun Legends, Unkilled e Modern Combat 5, embora o campeão de configurações seja Dead Effect 2, que nos permite reconfigurar praticamente todos os comandos.

A utilização do controlador LG torna alguns dos jogos disponíveis na Play Store muito mais interessantes, enquanto outros requerem claramente mais ajustes. Para os puristas, não há nada melhor que um controlador físico 3D e por vezes o dedo sai do local certo do ecrã, mas a ideia tem não só potencial, como valor acrescentado.

 

Abordagem única à produtividade

Talvez a característica mais interessante para os amantes da produtividade seja a possibilidade de utilizar uma app num ecrã, e o teclado no segundo ecrã. Caso necessitemos de transcrever detalhes de algum documento, podemos utilizar o ecrã dividido para nos mostrar duas apps num ecrã, utilizando então o teclado no segundo ecrã.

Escrever desta forma tem a sua curva de aprendizagem, é certo. A maioria de nós já não se lembra como era escrever num Nokia E7, por exemplo. Tem também um inconveniente, no sentido em que só o teclado da LG é compatível com a utilização num ecrã separado da app. O Gboard, por exemplo, é completamente imune à existência de dois ecrãs. Felizmente, o teclado nativo do V50 é muito bom e responde corretamente às solicitações.

 

Multitasking acima da média

Depreende-se facilmente do ponto anterior que se um ecrã pode utilizar duas apps em simultâneo, então o segundo ecrã pode ter outras duas abertas para um total de quatro. Não é totalmente assim, já que só o ecrã principal pode ser utilizado com janela dividida.

São, por isso, três apps em simultâneo no máximo, ainda assim mais do que num smartphone normal, o que nos abre inúmeras portas para multitasking. Podemos mesmo utilizar duas instâncias da mesma aplicação, uma em cada ecrã, ou utilizar um ecrã para streaming de vídeo e música, o outro para navegar pela Internet ou outras atividades.

No limite, podemos estar a jogar um jogo num ecrã, com um chat no outro, para não perdermos pitada.

 

O que o Dual Screen (ainda) não faz

Algo que muitos esperarão será utilizar o segundo ecrã como uma expansão do primeiro. Tal não acontece, e não conseguimos utilizar por exemplo um eBook expandido nos dois ecrãs. Neste ponto, espero que a LG inclua esta funcionalidade algures no futuro.

Como já disse, o ecrã secundário é algo mais limitado em termos de multitasking, não permitindo duas apps em simultâneo.

Caso queiram tirar proveito da resolução superior do ecrã principal para os jogos, terão de abdicar do controlador. Este ativa-se exclusivamente no ecrã principal e não pode ser mudado para o secundário. Por razões óbvias, talvez: o segundo ecrã não tem motor para as vibrações.

Um detalhe que é particularmente lesivo para o V50 é como os dois ecrãs possuem colorações radicalmente diferentes e, infelizmente não existe como calibrar os dois ecrãs em separado para que possuam a mesma tonalidade/temperatura de cor. A isto acrescenta-se a oportunidade perdida de incluir um ecrã externo para consulta de notificações.

 

Conclusão

A IFA de Berlim já decorre neste momento e um dos lançamentos mais excitantes do certame é mesmo o LG G8X ThinQ que retoma a forma Dual Screen, mas melhora substancialmente toda a implementação e principalmente o hardware. As melhorias são tantas que metade deste artigo não teria o que dizer.

Espero ansiosamente pelo LG G8X ThinQ por terras Lusas, já que até ver o LG V50 ThinQ é o melhor smartphone que não podemos comprar e não quero que o G8X lhe siga os passos. Mas, até à chegada ao mercado do LG G8X, o LG V50 continua sozinho numa abordagem única e prática.

Os melhores smartphones são talvez aqueles que usamos de uma forma tão diferente dos restantes que se tornam inesquecíveis. O LG V50 ThinQ Dual Screen é um desses equipamentos, e as ferramentas extras que oferece são louváveis, mesmo se exista ainda muito por onde evoluirmos. Apesar de algumas dores de crescimento, a LG agarrou uma ideia já existente e implementou-a muito bem à realidade dos smartphones. Com a chegada dos smartphones flexíveis, smartphones como o LG V50 poderão oferecer muitas das funcionalidades desses smartphones, a um valor substancialmente mais baixo.

Depois de experimentar dois ecrãs, é difícil voltar a somente um, mas no próximo capítulo da nossa história com o V50 iremos ver o que vale este dispositivo por si só.

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