Feito à mão, com um preço luxuoso e o tipo de especificações pelas quais um pobre nunca pagaria 1/5 do valor exigido pela marca: isto é a Vertu. Mas a Vertu também é alienações, falências e passagens de mãos até chegarmos ao dia de hoje em que a marca nascida da iniciativa da Nokia ressuscita com um novo smartphone após mais de um ano de espera, o Aster P.

Antes e acima de tudo, o Vertu Aster P é – como qualquer Vertu – um trabalho da mais fina craftsmanship Britânica, cada unidade feita à mão por um artesão específico que assina no final o dispositivo que saiu da sua perícia. São perto de €5000 pelo privilégio de terem um equipamento garantidamente construído com o tipo de empenho que garante escolioses, luxações e vista cansada, porque é preciso ser pobre para querer algo fabricado por robôs altamente tecnológicos, e este valor é apenas para a versão forreta, porque a versão em ouro já vai para os €14000. Trocos.

Trocos claro, para uma verdadeira peça de joalharia em titânio com acentuações douradas e revestimento em pele de crocodilo, enquanto o ecrã é revestido de vidro de safira de 133 quilates. O detalhe mais delicioso são mesmo as ranhuras para os cartões SIM em asa de gaivota ao estilo Lamborghini e aqui bato o punho na mesa com a minha afirmação de deliciosa futilidade de que todos os smartphones deveriam ter ranhuras em asa de gaivota. Deviam. Tenho dito!

Em termos de especificações, o Vertu Aster P chega equipado com um Snapdragon 660, 6GB de RAM e 128GB de armazenamento interno, valores que geralmente vemos em smartphones com preços que incluem menos um dígito, mas ainda assim interessantes. Juntam-se ainda uma câmara de 12MP e uma bateria de 3200mAh com Quick Charge 3.0.

Último toque de requinte e desmedida ostentação é o botão de rubi que permite aos utilizadores acederem aos serviços de um concierge 24 horas por dia, isto se não mencionarmos o acesso a festas exclusivas acessíveis apenas por convite. Eyes Wide Shut, alguém?

Mas, em última instância, o Vertu é mesmo uma peça de joalharia refinada e pensada para quem procura primeiro a arte, a forma, e depois a função e despreza a falta de estatuto de uma linha de montagem em série. Deste ponto de vista, o Vertu Aster P pode ser realmente apreciado pelo que é, e pela perícia daqueles que lhe apertaram os parafusos e refinaram os acabamentos com um nível de abnegação que não pode deixar de ser recompensado numa era de automatismos.

 

 

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