A AMD está de volta em força e ameaça em todas as frentes os seus principais rivais Intel e NVIDIA. Agora parece ter iniciado uma terceira fase da sua penetração em novos mercados com um acordo de troca de patentes com a potente Tesla, entrando no segmento automóvel onde a NVIDIA tem apostado forte. O objectivo da Tesla será desenvolver o seu próprio chip de inteligência artificial, com o que tem contado com inúmeras contratações de relevo, mas a protecção de patentes era essencial.

O mundo tecnológico em que vivemos é um de milhares de patentes, na prática dificultando a autonomia de cada OEM ou fabricante, que não possua as suas próprias patentes e careça de tempo ou meios para criar um corpo de tecnologias próprias que o protejam de litigações em massa. A realidade é esta: é impossível nestes dias que correm criarmos qualquer chip de raiz sem contarmos com patentes licenciadas a alguém, quando todos os componentes e montagens já foram reclamados por alguém, algures.

Para a Tesla, a AMD pode bem ter caído do céu. Anteriormente perto da extinção, encostada à parede em gráficas e chips, a AMD voltou em força recentemente, muito por engenho de Jim Keller que concebeu a potente arquitectura Zen uArch. Ora Jim Keller recentemente passou para a Tesla Autopilot para coordenar a concepção de hardware para veículos autónomos. Não foi sozinho, e levou consigo uma equipa fortíssima de engenheiros ex-Apple e ex-AMD, todos com ampla experiência na concepção de processadores.

O que Keller sabe é que se a Intel possui um grande corpo de patentes em termos de processamentos, a NVIDIA possui patentes cruciais nas tecnologias gráficas fundamentais para os veículos autónomos. Mas, graças ao seu modelo de negócio, a AMD possui patentes em ambos os mundos.

O objectivo da Tesla é um único: desenvolver o seu próprio processador de inteligência artificial para veículos autónomos, adequado às suas necessidades e capaz de lhe conferir independência face a quaisquer terceiros. Para sermos muito claros, este tipo de acordos não significa que a Tesla pegará num imenso puzzle de peças AMD e juntará tudo num novo equipamento. Mas poderá aplicar as suas próprias tecnologias baseadas nas patentes da AMD e sob a sua cobertura, protegendo-se de qualquer acção judicial por parte de eventuais concorrentes.

E os veículos autónomos do futuro necessitarão disto para serem verdadeiramente seguros e interessantes. Por mais atraente que seja a perspectiva de receber informações em tempo real por parte de redes de dados e estações externas, os veículos só serão realmente autónomos se dependerem de si próprios para evitar obstáculos e avaliar condições de condução em tempo real. A inteligência artificial será fundamental para este tipo de autonomia.

Se a NVIDIA certamente tremeu neste preciso momento, vendo um concorrente importante entrar num mercado que era somente seu até agora, para a AMD este acordo significa um importante trocar de tecnologias e conhecimentos. No futuro, a AMD poderá expandir-se para novas marcas e atacar um mercado que não parará de crescer no futuro.

 

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