Muitos não sabem mas a Ricoh foi uma das pioneiras nas câmaras 360º. Mais tarde, outras marcas entraram no mercado e seguiram as pisadas da marca japonesa, que acabou por perder a liderança de mercado na área. Agora, com a Ricoh Theta V, nota-se o empenho da marca em retomar a luta pela liderança neste segmento: 4K Ultra HD, uma grande compatibilidade com Android e uma maior flexibilidade. Está à venda em Portugal a partir dos 429€, um preço que não é muito simpático, muito por culpa da marca ainda não estar directamente representada no mercado Português. Mas será que a Ricoh tem de novo as condições para chegar a líder deste mercado que tem cada vez mais soluções e que se vai apresentando cada vez mais lotado?

Design é um ponto forte da Ricoh Theta V

Não mudou muito relativamente a outros modelos anteriores da marca, mas ainda bem que não o fez. Para quê mudar algo que já está bem? Com 12,7 centímetros de altura, esta Ricoh Theta V é também bastante estreita, estando disponível em duas cores diferentes: cinza e preto. No meio, é possível ver um grande botão que serve de obturador, enquanto que os botões para ligar e desligar a máquina, configuração de redes sem fios e selecção do modo da câmara, encontram-se na lateral. Ainda na frente, é possível também ver os LEDs que indicam se a câmara está ligada a um equipamento móvel através da ligação sem fios, assim como outro LED que indica o modo de funcionamento da máquina (fotografia ou filmagem). Na parte debaixo, podemos encontrar a entrada de áudio 3,5mm, assim como a porta USB usada para conexão ao computador ou então para carregamento. Ainda em baixo, podemos encontrar a rosca standard para acoplar a Ricoh Theta V ao nosso tripé.

O design que a Ricoh aplicou para a Theta V (ou manteve até), é um dos pontos a favor desta máquina, em comparação com outras que estão no mercado. É que o seu formato, permite-lhe ter uma grande portabilidade, já que facilmente conseguimos colocar a máquina no nosso bolso das calças.

12 Megapixels, 4K Ultra HD

Nesta Theta V, a Ricoh usou dois sensores de 12 Megapixels com lentes f / 2.0 que permitem fazer captura de vídeo até 4K Ultra HD a 30 fps no formato H.264. As fotografias são capturadas em JPEG com uma resolução de 14,5 megapixels, sendo que a Ricoh deixou de lado o facto de podermos fazer a captura em formato RAW.

No interior, a Ricoh operou uma revolução que permite capturas mais rápidas e também a inclusão de um sistema operativo. Graças à inclusão de um processador Snapdragon 625, passamos a ter a capacidade de processamento de um smartphone dentro da nossa câmara 360. Isto permite que os timelapses agora sejam mais rápidos, com capturas a cada 4 segundos, sendo que antigamente apenas era possível de 8 em 8 segundos.

Mas a inclusão do Snapdragon também acaba por trazer outras vantagens, como é o caso de abrir o caminho à adição de aplicações dentro da própria câmara, já que lá dentro passou a estar disponível o sistema operativo Android. Sim, leu bem, a Ricoh Theta V conta com Android no seu interior.

O facto de trazer Android, já permite algumas novidades significativas. É que a Theta V já conta com a aplicação Miracast instalada, uma aplicação que permite fazer streaming directamente para uma Smart TV ou para televisões que tenham um adaptador compatível. Isto permite a transmissão de vídeos 360º directamente para a nossa televisão, sendo que a Theta V funciona como uma varinha mágica nestes casos, permitindo navegar na interface do ecrã com os movimentos que faz no ar.

A nível de conectividade sem fios, a Ricoh Theta V oferece WiFi 2.4 e 5Ghz, assim como Bluetooth. O facto de ter Bluetooth disponível, significa que é possível controlar remotamente os comandos básicos de iniciar ou parar uma gravação de vídeo, ou dar o comando para capturar uma fotografia 360, isto sem estarmos a perder a nossa ligação WiFi. No entanto, para ter uma visualização em tempo real do que estamos a capturar, será sempre necessário recorrer à ligação WiFi.

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Emparelhar a câmara com o nosso smartphone é um processo bastante rápido: apenas 2 segundos se estivermos a ligar a câmara através de Bluetooth. No entanto, este valor é 10 vezes superior se a ligação a ser estabelecida for WiFi, demorando cerca de 20 segundos. A transferência dos ficheiros capturados também é rápida, utilizando a velocidade normal disponível na ligação WiFi. Para imagens o processo de transferência é quase instantâneo, mas no caso dos vídeos este é um processo mais demorado. Um ponto negativo aqui, é o facto de termos que ter o nosso telemóvel parado quando estamos a fazer a transferência dos ficheiros, já que a aplicação também fica “bloqueada” neste processo.

Melhorias a nível de conectividade

Já eram esperadas com esta nova versão da Theta V, mas a Ricoh não as conseguiu preparar a tempo e horas e por isso mesmo foram adiadas para os primeiros três meses de 2018.

As melhorias relativas à conectividade, prendem-se com a implementação de uma ligação LAN sem fios, que permita que a câmara se ligue directamente a um router, sem que tenha que estar ligada directamente por wireless ao telemóvel. Isto é um ponto bastante importante, já que permite que possamos estar ligados à câmara mas, ao mesmo tempo, manter a ligação à Internet.

Aplicações Theta e Armazenamento

A nível de software, a Ricoh tem soluções bastante interessantes, não só para ligação à máquina, como também para edição. No caso dos dispositivos móveis, existem três aplicações diferentes: a Theta S que serve para emparelhar a câmara e consultar as fotografias e vídeos que já foram tirados, a Theta+ e a Theta+ Video que permitem fazer edições em imagens e em vídeos, respectivamente. No caso dos computadores, sejam eles Windows ou Mac, também existem aplicações dedicadas.

Nota-se aqui um claro esforço da marca japonesa em oferecer soluções de conectividade e edição, no entanto há algumas coisas que podem ser melhoradas.

No caso dos dispositivos móveis, a transição entre as várias aplicações acaba por quebrar um pouco o ritmo. Senão vejamos: abrimos primeiro uma aplicação para fazer uma captura de imagem, sendo que depois para a editar, temos que abrir uma outra aplicação e procurar a imagem capturada. Acho que neste caso, a opinião geral é de que uma única aplicação era o indicado.

Outra questão a ter em conta a nível das aplicações, é o facto de não ser possível fazer a actualização do firmware da máquina através de iOS. No caso do Android, isto não se aplica, mas para quem tem iOS, é sempre obrigatório ligar a Ricoh Theta V ao computador através de um cabo microUSB para depois fazer a actualização. (existe uma actualização planeada para a aplicação Theta S para iOS, que deverá corrigir esta situação).

Mas para além das aplicações que permitem atribuir efeitos às fotografias (efeito globo por exemplo), a aplicação Theta S permite também algum controlo manual sobre as fotografias, sendo possível controlar a ISO (até 6400), equilíbrio de brancos, velocidade do obturador (até 1 / 25,000 segundos) e muito mais. Todas estas configurações manuais são bastante fáceis de aceder.

As aplicações de edição permitem o normal: aplicação de filtros, corte de vídeo, adicionar músicas aos vídeos, diferentes vistas 360 etc.

Mas para quem gosta de fazer vários disparos e vídeo, a Theta V pode ter aqui um pequeno problema: limitação de espaço. A Theta V não possui uma opção de armazenamento removível, deixando o utilizador preso aos 19Gb internos disponíveis. Segundo a Ricoh, isto permite fazer 40 minutos de vídeo em resolução 4K, 130 minutos em 2K ou então até 4.800 fotografias 360º. Ainda segundo dados da Ricoh, a limitação de 40 minutos em 4K é mesmo apenas devido ao espaço disponível, já que a marca japonesa diz que esta nova máquina é capaz de fazer até 80 minutos de filmagem.

Fique desde já a saber que os seus vídeos 4K estão limitados a 25 minutos no máximo, sendo que para chegar a esse número é necessário alterar as configurações da máquina, já que por defeito a mesma apenas faz vídeos de 5m. Esta configuração prende-se com as dificuldades em depois importar o vídeo para o telemóvel, caso seja necessário. Aliás, quando alteramos o limite de vídeo para o máximo (os tais 25 minutos), a Ricoh alerta mesmo para a possível impossibilidade de transferir os ficheiros para o telemóvel depois.

Qualidade de vídeo e fotografia

É verdade que a Ricoh não é totalmente nova neste mercado de câmaras 360º. Mas mesmo lançando uma nova câmara, percebe-se que a marca não parou no tempo e esta Theta V é a prova disso.

As linhas de junção das várias fotografias e vídeos que compõem as capturas feitas pela Ricoh Theta V são formidáveis e, embora não haja um estabilizador de imagem, as filmagens ficam surpreendentemente bem.

A câmara conta com HDR, o que faz uma diferença significativa quando se está a fazer capturas com brilho extremo. Quando tivemos a oportunidade de testar a máquina para fotografar o interior dos carros que ensaiamos, percebemos perfeitamente a vantagem do HDR. Quando este estava desactivo, a câmara preocupava-se apenas em compensar o interior escuro do carro, sendo que as janelas ficavam totalmente brancas. Com o HDR ligado, tudo ficava mais equilibrado, com pormenores nas janelas e também nos interiores.

Acessórios

Infelizmente nós não tivemos a oportunidade de testar a máquina com os acessórios todos que estão disponíveis. Ainda assim, é possível adquirir os mesmos pelos mais variados sites na internet. O principal, é mesmo a caixa impermeável (sim, a Ricoh Theta V não é resistente a água), a TW-1. Isto permite uma utilização debaixo de água até 30 metros de profundidade.

Outro acessório que poderá ser relevante, é o microfone 3D TA-1. Este acessório permite melhor a captação de áudio direccional de quatro canais da Theta V, e será realmente importante e relevante para quem queira partilhar os seus vídeos 360 com qualidade de som. E sim, à medida que roda a imagem captada, também verá que o som provém de zonas diferentes. Infelizmente, isto apenas irá acontecer no Youtube, já que o áudio 3D ainda não é bem suportado noutras plataformas.

Theta V: a prova em como a Ricoh leva o 360 a sério

O conjunto de configurações manuais, os acessórios, a grande qualidade na captura de imagens e vídeo, assim como as constantes actualizações de firmware para melhorar o produto, são pontos mais que suficientes para justificar o porque de afirmar que a Ricoh leva as capturas 360º muito a sério.

Mas o que me preocupa aqui realmente, é perceber se a Ricoh não terá ficado muito para trás na corrida deste mercado, já que as outras fabricantes conseguiram disponibilizar dispositivos que fazem com que as capturas 360º sejam muito mais acessíveis. Pelo menos, nota-se que a marca japonesa está interessada em voltar ao mercado em força.

A nível de fotografias, sem dúvida alguma que podemos fazer capturas espectaculares para partilhar com os nossos amigos nas nossas redes sociais, e a prova disso é mesmo algumas das capturas que fizemos e que estão no nosso instagram.

O design é aqui um ponto realmente importante, já que facilita o transporte da máquina, permitindo assim que estejamos sempre acompanhados pelo dispositivo perfeito para fotografar as nossas viagens e fazer furor nas redes sociais.

No futuro, espera-se ainda mais desta Ricoh Theta V, muito graças à plataforma Android. Do meu lado, fica a esperança de que a Ricoh ponha os seus programadores a trabalhar para aproveitarem ao máximo o processador Snapdragon e, com isto, diferenciarem-se do que já existe actualmente no mercado. Aqui sim, a Ricoh Theta V poderá superar os seus rivais.

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