Todos os dias, inúmeros factores são ponderados por quem procura o próximo smartphone para comprar. Da potência ao design, passando pelas suas características fotográficas e preço, são muitos os elementos que nos levam a ponderar entre um smartphone ou outro. Mas há talvez uma pergunta ainda mais importe: é um smartphone à prova de futuro? Ainda será um equipamento actual daqui a um ano ou dois?
Hoje, um smartphone pode estar com um excelente preço, mas ainda terá pernas para andar daqui a seis meses ou um ano? No caso do BlackBerry Key2, por €649, este não é um smartphone barato, mas será este um smartphone que podem seguramente comprar para os próximos dois anos? Vejamos os seus argumentos.
Hardware
Um hardware à prova de futuro implica diversas coisas. Por um lado, apresenta o BlackBerry Key2 o hardware necessário a uma performance satisfatória? Por outro, apresenta todas as funcionalidades de que necessitarei durante pelo menos mais um ano?
O BlackBerry Key2 apresenta um processador octa-core Snapdragon 660 com 6GB de RAM e 64GB de armazenamento interno, um ecrã de 4.5 polegadas FHD, duas câmaras principais de 12MP, uma das quais para zoom óptico, bateria de 3505mAh com carregamento rápido, leitor biométrico integrado na tecla Espaço e tecnologia NFC. Em termos de performance, o Snapdragon 660 é hoje um processador muito válido, apesar do surgimento dos seus sucessores, o Snapdragon 710 e o Snapdragon 670, e autoriza uma utilização bastante folgada, com rápida resposta do sistema e das apps, enquanto não antevejo necessitar de mais do que os 6GB de RAM a bordo.
Em termos funcionais, muitos smartphones no segmento de preço dos €400-600 não incluem ainda NFC, uma tecnologia que me faz falta pela possibilidade de assim pagar inúmeros serviços a nível quotidiano, enquanto o jack áudio me permite alternar entre os auscultadores Marshall Major ou os LG wireless que beneficiam da presença do codec aptX HD da Qualcomm. De destacar que o BlackBerry Key2 é um de poucos dispositivos com Snapdragon 660 que implementou o Bluetooth 5.0 em vez do padrão mais comum 4.2, autorizando maior taxa de transferência de dados e permitindo ligação com mais do que um dispositivo emparelhado.
Em termos de omissões, o BlackBerry Key2 não possui emissor infravermelhos para utilização como comando remoto, nem carregamento wireless, algo que à primeira vista teria sido simples de integrar. Tal como a maioria dos smartphones, o BlackBerry Key2 oferece apenas Dual SIM standby, não a opção mais interessante (mas mais rara) de Dual SIM Active. Contudo, não são tecnologias cuja omissão eu sinta como um problema no dia-a-dia.
Durabilidade
Um smartphone durável é um smartphone que não é expectável que seja propenso a avarias a curto prazo, mas também é um smartphone capaz de resistir a acidentes e percalços.
O KEYone ficou conhecido por alguns problemas estruturais iniciais, graças a uma série produzida sem adesivo adequado no ecrã, permitindo a este descolar-se ao sofrer um choque. Não tive esse problema no meu KEYone pessoal, mas em todo o caso o BlackBerry Key2 é notavelmente mais resistente, sobrevivendo ao teste extremo do Jerry Rigs Everything que uso à falta de qualquer acidente sofrido por mim que teste o Key2.
Por outro lado, o Key2 não tem qualquer tipo de protecção IP, o que pode ser um problema para utilizadores que necessitem utilizar o equipamento perto de água. No entanto, não é um smartphone frágil e deverá resistir a salpicos e o ocasional derrame. De facto, a construção muito própria pode oferecer-lhe um grau de resistência muito satisfatório, ainda que não certificado, graças à sólida moldura de metal que protegerá o ecrã durante quedas ou o material plástico do painel traseiro que oferecerá alguma resistência.
Software
O software como factor de manutenção da relevância de um smartphone é das maiores incógnitas quando adquirimos um smartphone. Ver o software como um indício da capacidade do smartphone para se manter relevante por pelo menos mais um ano depende das actualizações planeadas e do compromisso da marca com os patchs de segurança mensais da Google. Algumas marcas são mais certas que outras, e algumas marcas estão simplesmente a precisar de melhorar seriamente as suas práticas.
No caso da BlackBerry Mobile, não tenho queixas desde que comecei a utilizar o KEYone desde meados de 2017, e a prática de lançar os patchs mensais dentro de um prazo de 30-60 dias tem-se mantido clara com o Key2 que se encontra actualmente com o patch de Agosto. Como o BlackBerry Key2 faz parte do projecto Android Entreprise Recommended, como consumidor sinto-me perfeitamente à vontade com a certeza de que terei actualizações mensais pelo menos até 2020 e que algures ao longo de 2019 contarei com o Android P. Do ponto de vista do sistema operativo, o Key2 irá certamente manter-se à prova de futuro, com novas funcionalidades e segurança aumentada.
Mas há outro ponto onde a BlackBerry tem sido excepcional: os serviços do BlackBerry Hub+. Estes serviços incluem o separador de produtividade, a suite DTEK, o Hub e a Privacy Shade e as actualizações são frequentes, e é impossível não nos apercebermos de como estas ferramentas ganham novas funcionalidades e utilidade, mês após mês. Fora as normais actualizações de estabilidade e bugs, as novas funcionalidades são geralmente extremamente visíveis, e com impacto real na vida do utilizador. Diversas pequenas alterações, como o aumento de tempo disponível para cancelar o apagar de uma tarefa, são óbvio resultado de feedback dos utilizadores, ao contrário de algumas alterações tantas vezes promovidas por marcas e programadores, que parecem apontar para menos funcionalidades à medida que o tempo passa.
A este ritmo, sei que o BlackBerry Key2 (e o KEYone que ainda uso regularmente) continuarão a fazer mais por mim do que faziam meses atrás, bem entrado 2019, quiçá 2020.
Design
O bonito de hoje é o horrendo de amanhã, e a transição para os ecrãs com notch e rácio de aspecto 18:9 deixou muitos dos smartphones de 2017 conotados com obsolescência. De facto, porque haveríamos de aceitar rebordos tão grossos quando podemos ter um smartphone com a mesma área total, mas um ecrã muito maior?
A BlackBerry Mobile não foi por esse caminho com o Key2 e optimizou antes a área do teclado que é a sua característica-chave. O ecrã mantém-se nas 4.5 polegadas com rácio de aspecto 3:2. Em termos estilísticos, o Key2 é tão funcional que não serão as modas a fazê-lo parecer obsoleto, tal como o KEYone ainda é hoje para mim um dos smartphones mais agradáveis no mercado. As linhas gerais do Key2 deverão por isso manter-se contemporâneas e práticas, mesmo com a chegada de um sucessor.
Caso a TCL opte por criar um sucessor genético do Priv, as coisas podem mudar, mas o facto incontornável é que o Key2 não tem vícios nem problemas que possam incomodar ninguém a longo prazo.
O BlackBerry KEYone é o smartphone perfeito para fãs de emuladores
Conclusão
Portanto, é o BlackBerry Key2 um smartphone que podemos adquirir a contar com a sua utilidade ao longo dos próximos dois anos?
O BlackBerry Key2 oferece um hardware ao mesmo tempo capaz, moderno e variado, não deixando de fora nenhuma tecnologia essencial cuja falta pudéssemos sentir. A este hardware junta-se uma construção muito própria, com opções estéticas que seguem funcionalidade, mais do que modas, pelo que não se tornarão rapidamente cansativas.
No entanto, talvez a maior prova de longevidade do Key2 sejam mesmo as actualizações regulares, não só ao sistema operativo, mas às aplicações BlackBerry, com um número crescente de funcionalidades a serem integradas com o tempo. Esta é uma garantia que nem todas as marcas dão, e significa que o Key2 é um dispositivo a ser comprado por quem quer fazer um investimento a longo prazo, não num smartphone a substituir ao virar da esquina. Se este é um factor importante para si, já sabe para onde olhar.
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