No início de Dezembro, a HP tornou-se pioneira num novo tipo de computadores, quando oficializou o HP Envy x2 com Snapdragon 835, um dos primeiros portáteis always connected com Windows 10, oferecendo o potente processador mais conhecido por equipar os melhores smartphones do mercado e uma autonomia de bateria de cerca de 20 horas. Mas, na CES de Las Vegas, a HP surpreendeu-nos com o lançamento de um segundo Envy x2, desta vez com mais “banais” Intel Core i da gama Y. Porque decidiu a HP tomar este percurso, e quais as diferenças fundamentais entre ambos os dispositivos?

Características comparadas

HP Envy x2 ARM HP Envy x2 Intel
CPU Qualcomm Snapdragon 835 Intel Core Y de 7ª geração
Ecrã 12.3 WUXGA+ (1920×1200) 12.3 WUXGA+ (1920×1200)
Autonomia Até 20 horas Até 15.9 horas
RAM Até 8GB de RAM e 256 GB SSD Até 8GB de RAM e 256 GB SSD
Conectividade 1x USB-C, jack áudio, MicroSD, Nano-SIM, Modem Snapdragon X16 4G LTE
2x USB-C, jack áudio, MicroSD, Nano-SIM opcional
Sistema operativo Windows 10 S (actualizável para Windows 10 Home) Windows 10 Home
Dimensões 293 x 210.2 x 6.9 mm 293 x 210.2 x 7.9 mm
Peso 1.21Kg (Tablet + base) 0.750Kg (só o tablet)

 

Snapdragon 835 vs Intel Core Y: haverá um melhor?

A resposta é mais complexa do que poderemos pensar. Quem tem um smartphone de gama alta, poderá conhecer o Snapdragon 835. Trata-se de um chip de oito núcleos, fabricado em litografia de 10nm, que conquistou a opinião pública e a imprensa especializada pela performance dominante no mobile. Fora a autonomia, para os computadores portáteis a vantagem do Snapdragon 835 é incluir um modem LTE e a sua própria gráfica, na forma da Adreno 630, o que permitirá a um computador estar sempre conectado na rede 4G com um cartão SIM normal ou com um novo eSIM.

O HP Envy x2 com sabor Snapdragon

Por outro lado, temos então os Intel Core Y, derivados dos Core M. O Envy x2 com chip intel recorre a um Intel Core i5-7Y54, um dual core de 4 threads, com frequência base de 1.20GHz, e turbo de 3.20GHz. Trata-se de um chip feito para ser energeticamente eficiente, com pouca produção de calor e utilização em equipamentos sem ventoínhas, daí a frequência baixa, enquanto que a activação do turbo será feita à custa de muito maior consumo da bateria. A sua vantagem é ser um chip com arquitectura x86, pelo que correrá o Windows 10 com maior agilidade. Por comparação, o Snapdragon recorre a arquitectura ARM e necessita de emulação. Portanto é uma questão de:

Performance vs autonomia

Cinco horas de diferença são talvez pouco, mas na verdade representam cerca de 1/4 de maior autonomia para o HP Envy x2 com Snapdragon 835. Se o valor de 20 horas incluir utilização da rede 4G, o valor é mesmo extraordinário, face às 15.9 horas prometidas pela versão Intel. Se a autonomia é fundamental, a versão ARM será excelente.

Na versão Intel, a autonomia continua soberba.

Mas 15.9 horas não são de todo más, não para os padrões actuais, sendo isso um testamento da eficiência energética dos Intel. De resto, a HP indica 90% da carga em 90 minutos.

No entanto, correr o Windows 10 num computador portátil é muito diferente de correr o Android num smartphone. Os sistemas operativos foram optimizados e pensados de modo diferente e o processador Intel deverá conseguir correr o sistema operativo com maior agilidade, no mínimo porque não requer emulação. Na verdade, ninguém ajuizou ainda qual será a performance quotidiana de um Windows on ARM, existindo algumas variáveis que podem aumentar a vantagem dos chips da Intel (ou diminuí-las).

Por exemplo, a Intel ajudou a TDP dos Core Y para 6W, dos anteriores 4.5W, para uma performance 20% superior.

Diferenças físicas

Como podemos ver da ficha técnica acima, o Envy x2 Intel possui uma porta USB-C extra, e não inclui um modem LTE integrado de base. Mas existem outras diferenças, muito especificamente no teclado.

O stand do Envy x2 Snapdragon é mais típico de um tablet

Enquanto o Envy X2 Snapdragon 835 possui um stand traseiro que ajusta finamente o ângulo do ecrã, a versão Intel inclui uma capa ao estilo fólio com apenas duas posições, que poderão ser menos adequadas. No entanto, a experiência geral será mais semelhante a utilizar um portátil destacável.

A versão Intel do Envy x2 é mais semelhante a um destacável

 

A conectividade é uma incógnita

Os Windows on ARM são uma excelente ideia, mas para todos os always connected existe uma grande incógnita que é o preço da conectividade. Tanto para a Intel, quanto para a Qualcomm, o objectivo é termos computadores portáteis conectados em qualquer local, via rede 4G.

Para tal acontecer, as operadoras terão que o deixar acontecer, através de packs de dados cujos preços ainda não estão de todo em cima da mesa. Os pacotes de Internet móvel não são adequados, pois são pensados para smartphones com uma utilização ainda assim mais limitada, e provarão ser insuficientes para portáteis. Os custos poderão ser avultados para os portáteis e ninguém ainda se atreveu a dizer o contrário.

Conclusão

Os dois HP Envy x2 oferecem características razoavelmente semelhantes e a HP fez um trabalho impressionante ao praticamente duplicar um equipamento que utiliza hardware bem diferente. O tipo de stand pode ser um diferenciador na hora de comprarmos um, mas mais importante é a utilização que daremos ao equipamento.

Tudo indica que a versão ARM do Envy x2 será aquela que conseguirá em qualquer condição uma bateria de maior autonomia. Para ver apresentações, vídeos e o ocasional email ou documento com pouco acesso a tomadas eléctricas, esta será a versão que muitos preferirão.

Pelo contrário, para as tarefas que exigem mais processamento, como composição de documentos mais pesados, navegação intensiva na Internet e o ocasional jogo, a maior afinidade entre o Windows 10 e o Intel Core Y a bordo significará que a performance será melhor neste caso. Em última instância, a versão Intel promete uma experiência mais semelhante ao Surface que o Envy x2 claramente quer bater.

Ambos os Envy x2 são equipamentos muito interessantes, ao oferecerem computação razoável num factor de forma extremamente compacto. Em termos de alternativas ao Microsoft Surface, ambos são excelentes alternativas. Eu teria de dizer que, neste momento, iria preferir a performance à autonomia: conseguiria fazer mais em igual período. No entanto só quando deitar as mãos a ambos é que poderei ter melhor opinião.

Portanto, autonomia ou produtividade: qual a vossa preferência?

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