O Tesla Model S passou pelas nossas mãos para mais um ensaio para o TekGenius. Não houve oportunidade em fazer os quilómetros que queríamos fazer, assim como não nos foi possível fazer todas as experiências que tínhamos em mente. Apesar de limitados, conseguimos fazer várias centenas de quilómetros, o suficiente para construir uma opinião sobre este modelo da marca americana. E essa opinião é só uma: completamente rendido para aquilo que será o futuro. Tecnologia, conforto, espaço disponível, silêncio a bordo e uma autonomia finalmente decente, são os elementos que fazem deste Model S 100D o melhor eléctrico que conduzi até hoje. Ainda assim, existem alguns pontos que a marca tem claramente que melhorar.

Um design premium, como pede o mercado de luxo

No exterior, e alvo de um restyle recente, este Tesla Model S 100D apresenta-se com um aspecto bastante sóbrio, com ar dinâmico e moderno. Este é um carro que a nível de design segue bastante bem as linhas a que estamos acostumados a ver nas nossas estradas, não exagerando no design futurista que muitas marcas têm vindo a apresentar ao longo dos tempos. É claro que existem detalhes que apontam logo para que este seja um carro diferente do normal, como é o caso da ausência da grelha frontal. Mas ainda assim, no geral, é um carro que passa despercebido, quando comparado com outros eléctricos no mercado.

Pormenores como as pegas das portas escondidas, janelas sem moldura e detalhes cromados, juntamente com o aspecto robusto e musculado, fazem deste Tesla Model S um automóvel de luxo a nível de design exterior.

E se a nível de design a marca americana foi bastante competente de forma a enquadrar-se nos segmentos de topo, também a nível de dimensões a marca conseguiu acertar em cheio. Estamos a falar de 4978mm de comprimento, 1963mm de largura e 1445mm de altura. A distância entre eixos situa-se nos 2959mm, sendo que facilmente conseguimos enquadrar estas dimensões com as berlinas actualmente existentes no nosso mercado.

Também a nível de construção este Model S muda o paradigma existente nas últimas décadas, sendo construído em alumínio, com aço de alta densidade a proteger os pontos críticos e a fornecer a rigidez necessária em determinadas zonas.

Apesar da construção em alumínio, a verdade é que o Model S não se livra dos 2300 Kg que tem de peso. O principal responsável é o pack de baterias (100 kWh), colocado no fundo do carro, protegido por um sub-chassis que tem a função de proteger as mesmas. Para além disso, a colocação das baterias no fundo do Model S, torna este veículo muito mais seguro que outros modelos de outras marcas no que diz respeito a capotamentos, graças ao baixo centro de gravidade. Aliás, é praticamente impossível capotar um Tesla Model S!

Mas se pensam que o peso é um problema, então estão bem enganados. E já falamos mais à frente sobre o desempenho do Model S 100D.

No interior, a Tesla procurou manter tudo o mais simples possível. Existem apenas dois botões físicos no tablier do Model S: um para accionar as luzes de emergência, vulgo 4 piscas; outro para abrir o porta-luvas. Tudo o resto é controlado através do enorme ecrã touch que se encontra muito bem colocado a meio da consola central. Acendimento de luzes, regulação de suspensão, modo de condução e todas as outras funcionalidades que um sistema de infotainment oferece, são controladas apenas e só no ecrã.

Autonomia e Desempenho

O modelo ensaiado, o Tesla Model S 100D, vem equipado com um pack de baterias de 100kWh. Com esta capacidade de baterias, o Model S é capaz de efectuar uma viagens entre os 400 e os 500km apenas com uma carga. Segundo o site da Tesla, e usando as medições NEDC, a autonomia deveria rondar os 632km, mas na realidade deve andar perto dos 500 numa condução normal.

Estes valores de autonomia ainda não são suficientes para fazer frente aos motores de combustão, sejam eles Diesel ou Gasolina, mas a verdade é que são autonomias muito interessantes, ainda para mais tendo em conta o peso do carro. E aqui, uma coisa é certa: não há, no mundo dos eléctricos, ninguém com uma autonomia tão boa como a Tesla. Pelo menos até ao momento.

 

Estes 500km de autonomia são mais que suficientes para que possamos fazer uma viagem grande descansados, ainda para mais porque podemos contar com uma excelente rede de carregamentos da Tesla, altamente disponível e que se encontra em expansão no nosso país. Estes carregadores estão a ser colocados estrategicamente, como tem vindo a ser a política da empresa americana na Europa, de forma a que viagens longas não sejam um problema, estando dependentes da rede de carregamentos disfuncional da Mobi.e. Para além da excelente colocação e alta disponibilidade, a rede de carregamentos da Tesla é também super rápida, daí os carregadores se chamarem “Superchargers”. Dependendo muito da condição da bateria (carga, temperatura), mas podemos ver um Model S a carregar até aos 80% de bateria em apenas 30 minutos. Para além desta rede de carregamentos rápida, existem também os “Destination Charger”, em grande quantidade, que permitem disponibilidade de carregamento, mesmo que a uma velocidade mais baixa.

Mas se não quisermos olhar para a autonomia, e quisermos desfrutar de um carro espectacular, então basta fazermo-nos à estrada e carregarmos no acelerador, à medida que chegamos aos 100km/h em apenas 4,3 segundos. Sim, leu bem, 4,3 segundos para chegar aos 100 km/h. Isto tudo graças à tração integral que conta com dois motores, um no eixo dianteiro, e outro no eixo traseiro, que permitem uma potência total de 423cv e um binário imediato de 660Nm.

Números são isso mesmo, números. E num carro, servem apenas para medir prestações e por isso, normalmente, não lhes dou grande relevância. Porque para além de números, um automóvel tem que ter muito mais. E sim, o Tesla Model S tem esse muito mais. É um carro extremamente agradável de se conduzir, muito confortável, tanto para condutor como para passageiros. Para além disso, tem toda a componente de diversão graças à grande potência dos dois motores eléctricos, assim como a disponibilidade imediata de binário que apenas os carros eléctricos conseguem dar. E mesmo em estradas com muitas curvas, graças ao seu centro de gravidade muito baixo, é possível divertirmo-nos um pouco também, graças à grande segurança que temos a curvar.

Interior capaz de bater a concorrência?

Pegamos no Tesla miniatura, que serve de chave para o Tesla Model S, e metemos no bolso. Aproximamo-nos do carro e as pegas para abrir o carro saem automaticamente de dentro das portas, de forma a que as possamos destrancar. Esta chave, a tal que é uma miniatura do carro em si, permite-nos também abrir o carro através de um clique, assim como abrir a mala da frente e a de trás. E é das malas que vamos falar, porque é outro ponto em que este Tesla Model S se diferencia dos outros eléctricos: é que este tem realmente mala. Como as baterias se encontram colocadas em baixo, o tamanho da mala não é afectado, e o facto de não haver um motor na frente, permite que a capacidade total de bagageira (frente e trás) chegue aos 1795 litros.

No interior, o espaço é abundante, com capacidade para levar 5 pessoas com total conforto. No entanto, existem alguns pontos que a Tesla tem que melhorar se quiser realmente ir ao encontro de outras marcas, como a Mercedes, BMW ou Volvo. A qualidade dos materiais que revestem o habitáculo estão consideravelmente abaixo do que existe actualmente no segmento, sendo que existem situações com folgas que não se podem admitir num carro que é topo de gama. O mais grave, neste Tesla, é que estas folgas poderão resultar em ruídos parasitas que, num carro eléctrico e graças à ausência de ruído de motor, serão muito perceptíveis. No caso desta unidade de ensaio, apesar de ainda contar com poucos quilómetros, já era possível ouvir alguns ruídos parasitas provenientes das portas.

E já que falamos nas portas, estas apresentam alguns defeitos nas borrachas (na unidade ensaiada era bem visível), assim como um péssimo alinhamento das mesmas. Os próprios frisos metálicos ficavam desalinhados (e não era pouco). No fundo, são falhas que não deveriam acontecer num carro com o preço que tem, ainda para mais quando estas mesmas falhas não são “normais” de encontrar num Mercedes por exemplo. No entanto, espera-se que sejam coisas facilmente resolvidas pela marca, e com o aumento da qualidade de produção nas próximas unidades.

Tirando isso, e com toda a tecnologia a bordo, o Tesla Model S consegue estar acima de todos os outros que actualmente circulam nas nossas estradas. E já vos falei da ausência total de ruído no interior? É fantástico!

Autopilot como assistente de condução

O Tesla Model S que tivemos oportunidade de ensaiar vinha equipado com o Autopilot. Fazendo uso das muitas câmaras e processadores que equipam este modelo, o Model S é capaz de nos assistir durante a condução. Sempre com as mãos no volante, até porque é apenas e só um assistente de condução, o AutoPilot é capaz de controlar a aceleração, travagem e direcção, ao mesmo tempo que controla tudo o que se passa na nossa envolvente, seja outras viaturas, sejam até mesmo peões.

Este é um sistema que, aos dias de hoje, já é totalmente funcional para as nossas autoestradas. Eu decidi colocar o sistema à prova num ambiente nada favorável e para o qual não foi pensado, diga-se. E mesmo assim, apesar dos sustos, o saldo final é positivo.

Para testar o AutoPilot, decidi fazer o IC19 e 2ª Circular. De novo, o AutoPilot não está pensado para este tipo de estradas com tanto trânsito e com tantas variáveis em simultâneo. Foram alguns sustos que apanhei, mas com as mãos no volante facilmente controláveis. Na segunda circular o carro decidiu virar bruscamente à direita, quando perdeu as guias da estrada. No IC19 dois outros sustos: o primeiro devido ao facto de um outro carro passar da faixa da direita para a faixa do meio, comigo na faixa da esquerda, o carro ter assumindo que tinha que se desviar e ter-se atirado em direcção ao separador central; o segundo devido ao facto de um carro que circulava à frente ter mudado de faixa e o trânsito estar parado mais à frente, com o Tesla a acelerar em vez de travar.

No entanto, e apesar destes três sustos, o sistema portou-se de forma irrepreensível mesmo com as condições de trânsito (não recomendadas, como já disse anteriormente, mas nunca é demais repetir), fazendo correctamente as mudanças de faixa, acelerações e travagens.

Rendido! Mas …

No final, não posso deixar de dizer que me encontro totalmente rendido ao primeiro Tesla que conduzi. Este Tesla Model S é, provavelmente, o único eléctrico capaz de grandes viagens sem a constante preocupação com os carregamentos. Seja pela qualidade da rede de carregamentos da própria Tesla, seja pela grande autonomia ou até mesmo pelo facto de não existirem problemas com o aquecimento das baterias.

A verdade é que Elon Musk conseguiu construir aqui um excelente carro, e traz credibilidade a motorização eléctrica. No entanto, o elevado preço é para mim um contra, ainda para mais com alguma da falta de qualidade demonstrada nos acabamentos deste modelo. É um ponto que a marca americana terá que começar a corrigir rapidamente, apesar de ultimamente os sinais não terem sido positivos relativamente a este ponto.

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