Primeiras impressões Nokia 3: verdadeiramente Nokia?

Não acredito em milagres, mas que tenhamos hoje entre nós um novo smartphone Nokia é sem dúvida surpreendente, após a hecatombe que foram os dias do fim, a venda à Microsoft e e a desastrosa estratégia móvel do gigante de Redmond.

Só que a Nokia não renasce por milagre, mas como fruto do empenho, da dedicação e da visão estratégica de um grupo de indivíduos que ainda acredita na força do nome Nokia.

Mas renasce também daquilo que levou à queda da marca: o sistema Android e a produção em massa da China. A nova Nokia não é simplesmente a mesma. Daquelas cinzas só poderia nascer uma fénix bem diferente e por isso há uma pergunta a fazer desde já:

É o Nokia 3 verdadeiramente um Nokia em mais do que o nome.

• Design e construção

Quem concebeu o Nokia 3 e quem concebeu a embalagem no mínimo compreendeu o que é o ethos do ser Nokia.

Se a embalagem mantém a mesma disposição daquelas dos Lumia, o mais significativo é que a decoração é em azul em homenagem ao Nokia Blue, e reinventa-se as mãos dadas, mantendo-se a fonte tradicional. A HMD não tentou re-imaginar a Nokia na sua estética, antes manteve uma boa dose de tradição.

Mas é do Nokia 3 que queremos falar. Ninguém compra a embalagem, certo?

O design do Nokia 3 invoca os desaparecidos Lumia, mas o primeiro ponto a notar é a elevada qualidade dos acabamentos. Sim, é um smartphone com face traseira em plástico, mas exibe solidez e uma excelente integração dos diversos componentes. Não há folgas nem rangidos, e isso é muito mais do que podemos dizer de alguns Nokia do passado.

Em grande destaque, a moldura de alumínio tem um acabamento avançado sem degraus nem folga nas antenas, algo de que não se podem gabar smartphones bem mais caros. O mesmo digo do vidro 2.5D que recobre o LCD e que nesta classe de preço costuma ser bastante espesso. Posso estar enganado, mas aquele aqui presente é discreto e fino. Neste ponto, o Nokia 3 passa sem dúvida o teste: a qualidade de construção está ao nível exigido pelo nome.

• Software

Nada mudou tanto na Nokia quanto o sistema operativo. Adeus Symbian, adeus Windows Mobile e olá Android Nougat!

Numa era em que os smartphones baratos costumam ainda optar por versões mais antigas do Android, a Nokia optou pelo Android 7.0 Nougat com Pixel Launcher. Não haveria nada pior que começar a aventura Android com uma versão obsoleta, e por isso a HMD não o fez.

A experiência aqui é fundamentalmente Android puro. Sem bloatware ou serviços duplicados, para quem gosta da sua cena sem muitas camadas.

• Hardware

O que nos oferece o Nokia 3 por €169.90?

Desde logo um chip quad-core MediaTek MT6737 com 2GB de RAM e 16GB de memória interna que deverá gerar menos de 10GB de armazenamento disponível para o utilizador, mas que é expansível.

O MediaTek não é um chip particularmente louvado, mas terá potência suficiente para manter uma utilização folgada do dispositivo, as especificações sendo acima do mínimo necessário para uma boa experiência Android. O núcleo único da gráfica não será particularmente ágil a lidar com jogos pesados, embora o ecrã de 5 polegadas HD ajude a mitigar a carência a nível de processamento.

No departamento das câmaras contamos com dois sensores de 8MP à frente e a atrás, enquanto a bateria é de 2650mAh.

Devo dizer que as câmaras Nokia gozam de um estatuto lendário, mas os 8MP não autorizam celebrações. A câmara parece ser sólida e eficaz, com as funcionalidades restritas da app indígena do Android.

Aqui só falta mesmo o leitor de impressões digitais para um pack bem recheado, mas considerando que nesta categoria de preço as implementações são frequentemente uma desilusão, vamos passar ao lado desta omissão.

• Expectativas

O Nokia 3 passa para já todos os testes para ser considerado como digno herdeiro do nome Nokia: possui características interessantes a um preço justo, boa construção e a estética inegável de um Nokia. Por isso, o Nokia 3 impressiona.

Vamos aqui refrear os ânimos: este smartphone não é um milagre, é um Nokia. Nem é um prodígio, e não vai fazer trinta por uma linha ao alcance somente dos smartphones mais caros. Mas tem o potencial para causar estragos inimagináveis no segmento de mercado abaixo dos €200.

Afinal, o Nokia 3 entra num segmento onde diversos fabricantes mais pequenos têm ofertas semelhantes e dentro do mesmo valor, mas nenhum tem a magia ou a tracção do nome Nokia. Esta mística vale ouro e o Nokia 3 parece à altura do desafio, mas só depois de uma análise mais profunda saberemos o quanto.

Voltem à Tek Genius em breve, e teremos novidades para vós.